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Dois meses de guerra

A rotina da batalha contra a Covid-19 no Hospital de Campanha do Maracanã

Intensivista Juliana Paitach de Oliveira Lima, coordenadora médica do Hospital de Campanha de SG
Intensivista Juliana Paitach de Oliveira Lima, coordenadora médica do Hospital de Campanha de SG -

'No início era como se estivéssemos sendo preparados para a guerra", explica Anthony Augusto Carmona, médico cirurgião-geral. "A guerra chegou, e a pergunta era sempre a mesma: Chegou mais um paciente, e agora? Nossa maior dúvida era como tratar uma doença desconhecida". O médico explica como é a guerra diária contra a Covid-19 dentro do Hospital de Campanha do Maracanã (HCampM), na Zona Norte, que completa dois meses de funcionamento.

Aos 34 anos, o curitibano aceitou o desafio de coordenar um dos maiores hospitais de campanha do Rio. Ele teve que deixar em casa a esposa grávida do primeiro filho, ficaram afastados por quase dois meses. "A falta de insumo é sempre maior obstáculo. É um problema nacional. Se a agente não tinha o material 'A', por exemplo, fazia tudo com o material 'B', tudo para preservar a vida do paciente. Muitas vezes as pessoas chegam bem no hospital e, em minutos, a situação muda repentinamente, é necessário entubar. Foi um início complicado, mas agora estamos com nossos leitos quase vazios", explica. Atualmente são 270 especialistas para atender 39 pacientes hospitalizados. São 27 pacientes internados na UTI e 12 na enfermaria. Foram 215 óbitos no HCampM, que dispõe de 200 vagas, 120 de enfermaria e 80 de CTI.

Números em queda xxxxxx xxxxxxxxxxx

Enquanto as pessoas tentam retomar a normalidade, por conta da flexibilização social, o estado comemora a redução de ocupação no número de leitos. De acordo com a  Secretaria de Estado de Saúde (SES), atualmente a taxa de ocupação, considerando todas as unidades da rede estadual destinadas à covid-19, está em 51% em leitos de enfermaria e em 36% em leitos de UTI; 57 pacientes, com suspeitas ou confirmação da doença, estão na fila de espera. 

Uma nova onda de contaminação preocupa quem está na luta contra o vírus. "A gente fica preocupado, mas as pessoas precisam retornar ao normal. É preciso ter todos os cuidados para evitar um caos na rede de saúde. Uma pessoa infectada pode contaminar outras três. Nisso, ela ainda leva o vírus para dentro de casa. Ou seja, se não tiver cuidado, a situação piora", explica o cirurgião-geral Anthony Augusto Carmona.

No início de julho, o secretário estadual de saúde, Alex da Silva, disse que o governo não vai concluir as obras dos hospitais de campanha de Campos e Casemiro de Abreu. Ele justificou a decisão com a queda no número de leitos ocupados. Bousquet prometeu entregar as unidades de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Nova Friburgo, que servirão de retaguarda para uma possível segunda onda da covid-19. A SES confirma que os hospitais de campanha deixarão de funcionar de forma gradual, com a continuidade da queda pela busca ativa de leitos.

Mudança brusca xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxx

Aos 42 anos, sendo 18 deles dedicados à medicina, a intensivista Juliana Paitach de Oliveira Lima viu sua vida mudar do avesso ao aceitar o desafio de trabalhar no hospital de campanha. Ela teve que deixar marido na cidade de Bandeirantes, no Paraná, e se mudou temporariamente para Rio. Trabalhou por pouco mais de um mês no hospital do Maracanã, até assumir a coordenação da unidade de São Gonçalo.

"O começo é sempre desafiador. Mas agora, com estudos e protocolos, estamos alcançando resultados promissores e melhores".

Atualmente, o Hospital de Campanha de São Gonçalo tem apenas seis pessoas internadas em CTI e sete em enfermaria. A unidadetem 40 leitos, sendo 24 de enfermaria e 16 de UTI.

Intensivista Juliana Paitach de Oliveira Lima, coordenadora médica do Hospital de Campanha de SG Divulgação
Profissionais durante trabalho no Hospital de Campanha do Maracanã: 27 internados em UTI fotos Divulgação
Profissionais da saúde atuam dentro do Hospital de Campanha do Maracanã, no Rio Divulgação
Aos 34 anos, Anthony Augusto Carmona veio de Curitiba para assumir a coordenação do Hospital de Campanha do Maracanã Divulgação
Anthony Augusto Carmona, médico cirurgião-geral, instrui colega no Hospital de Campanha do Maracanã Divulgação
Intensivista Juliana Paitach de Oliveira Lima, coordenadora médica do Hospital de Campanha de SG Divulgação