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Ambulantes da Lapa farão manifestação pedindo o retorno das atividades

Há quase quatro meses sem trabalhar, comerciantes legalizados da região pedem data à Prefeitura

Bairro da Lapa completamente vazio na noite de quinta feira
Bairro da Lapa completamente vazio na noite de quinta feira -
A voz de Francisco Alves eternizou 'A Lapa', sucesso do fim da década de 1940. Nos versos, "a Lapa está voltando a ser a Lapa", o compositor Herivelto Martins celebrava a chegada de uma nova fase da malandragem carioca, "confirmando a tradição". Pois, com a pandemia, a região não voltará tão cedo a ser como o carioca conheceu. Boêmios estão recolhidos, e os barraqueiros, sem trabalhar há quatro meses, no sufoco. Na próxima sexta-feira (24), os tradicionais comerciantes dos Arcos - são quase 70 legalizados - farão protesto em frente à Prefeitura pedindo o retorno das atividades.
Marcelo Lopes vendia pizzas nos Arcos. Recolheu a barraca em março, e desde então não tem outra renda. Já deixou de pagar água, luz e cartão de crédito. "Moro com o meu irmão que é deficiente físico. Consegui o auxílio de R$ 600. Eu aluguei um quarto na própria Lapa, então todo o manuseio dos alimentos era no próprio bairro. Era o aluguel da minha casa, aluguel da barraca. Estou num sufoco financeiro. Está inviável. Água, luz e três meses de aluguel estão sem pagar. Para sobreviver, estou deixando de pagar as contas", lamenta o comerciante. "Eles prorrogam de 15 em 15 dias. Quando chega no dia, prorrogam por mais 15. A gente fica na incerteza. Não sabe quando vai recomeçar a atividade. Queríamos uma data".
André Pacheco produzia yakisobas em sua barraquinha. É outro que tem andado no fio da navalha. "Não recebi auxílio, muitos amigos também não. A prefeitura está liberando bares, restaurantes, e várias feiras especiais de arte e artesanato também voltaram. A Feira da Lavradio, por exemplo, retornou. Mas, nossa feira continua fechada. Não tem data. Eles deram uma cesta pequena, que não dá para nada. Só queremos que a prefeitura nos dê atenção. Diga qual vai ser a data, o novo horário, quais vão ser as regras".
Reunidos, os barraqueiros marcaram uma manifestação para sexta-feira, em frente à Prefeitura, na Cidade Nova. Em carta aberta ao prefeito, eles "reivindicam a negociação de retorno de suas atividades, respeitando a regra de ouro estabelecida pela Prefeitura, e com horário excepcional de 16h às 23h". Os trabalhadores da Feira Noturna Turística de Copacabana, tradicional na Avenida Atlântica, Na Zona Sul, também pedem definição "urgente".
Em nota ao MEIA HORA, a Coordenação de Feiras, vinculada à SMDEI (Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação), afirmou que "está sendo feito o planejamento de retomada, mas ainda não há data para o retorno, por se tratar de equipamentos que vendem lanches e bebidas alcóolicas, que gera aglomeração e aumenta o potencial de contaminação".