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Inocência violada

Rio teve média de 7 casos de estupro de vulneráveis abertos por dia no Tribunal de Justiça

A mão que deveria dar proteção é aquela que causou traumas para o resto da vida em uma criança. Assim ocorreu com a maioria das vítimas de estupro infantil. De acordo com relatório do Disque 100, 73% dos casos registrados no ano passado indicam que a criança tinha proximidade com a pessoa que cometia a violência sexual.

Somente nos primeiros oito meses deste ano, de acordo com dados obtidos pelo MEIA HORA, 1.168 casos viraram processo no Tribunal de Justiça do Rio. No mesmo período do ano passado foram 2.873.

De acordo com especialistas, o abusador garante o silêncio da vítima através de ameaças de vingança, de abandono ou, em casos de pobreza, com oferta de comida.

Foi o que a polícia descobriu com o alemão preso na semana passada, em Santíssimo: ele oferecia lasanhas e doces para as crianças de uma favela posarem nuas.

Mas o perfil do abusador que mora com a criança ou com acesso fácil a ela é o mais comum. Na quinta-feira, a polícia prendeu, em 24 horas, cinco abusadores diferentes. Quatro deles eram parentes das vítimas, que garantiam o silêncio com ameaças.

Segundo Luciana Phebo, coordenadora do território Sudeste do Unicef, na maioria das vezes as crianças e adolescentes não expressam verbalmente que estão sendo violentados. "A observação é muito importante, já que o pedido de ajuda não vem em palavras. Observe mudanças no comportamento. A criança mais extrovertida pode mudar, começa a ficar mais introvertida", alerta.

Outros sinais ligados à saúde, como doenças sexualmente transmissíveis, podem aparecer. "Muitas vezes as crianças abusadas começam a apresentar coceira nas áreas genitais e infecção urinária. Mas isso não significa necessariamente que a criança está sendo abusada sexualmente, até porque outros fatores, como parasitoses, podem provocar isso. Odor vaginal com secreção podem ser um indício, quando associado a outras causas, como a mudança comportamental", explica a especialista.

Luciana orienta que a conversa aberta não foque na violência sexual em si, mas no autocuidado."Conforme ela for crescendo, ensine a identificar situações de violência e explique o que fazer, onde e como pedir ajuda".