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Guardiões na mira! Polícia Civil age rápido e impede que provas seja destruídas

Polícia faz ação contra esquema montado por Crivella contra imprensa e população

Crivella divulgou vídeo afirmando que apenas sancionou a lei
Crivella divulgou vídeo afirmando que apenas sancionou a lei -

A Polícia Civil agiu rápido para evitar que pelo menos três suspeitos de participarem do esquema conhecido como 'Guardiões do Crivella', denunciado por reportagem da TV Globo, na segunda-feira, destruíssem provas da prática criminosa. Servidores públicos da Prefeitura do Rio foram flagrados agindo como seguranças para constranger repórteres e pacientes durante entrevistas sobre a situação do sistema público de saúde do município.

Segundo a denúncia, os servidores chegam a receber R$ 10 mil, mais que um médico, para fazer plantão na porta dos hospitais, em vez de na prefeitura. Foram revelados também grupos no WhatsApp em que os servidores recebem as escalas de trabalho e mantêm contato com membros do governo municipal.

Na rotina dos servidores utilizados para hostilizar quem faça denúncias ou fale mal dos hospitais está, também, a função de relatar tudo nos grupos do Whatsapp, por meio de fotos e vídeos.

Polícia em ação

Ontem, agentes da Draco, por meio da Operação Freedom, cumpriram nove mandados de busca e apreensão domiciliar. Os mandados foram expedidos pelo juízo do plantão noturno do Tribunal de Justiça, logo após a exibição da reportagem pela TV. A operação, que foi deflagrada no início da tarde, teve entre os alvos o assessor especial da prefeitura, Marcos Paulo Luciano, apontado como chefe dos 'guardiões'.

Celular, dinheiro e 'pacote Crivella' apreendidos com 'guardião'

Na residência de Marcos Paulo Luciano, em Olaria, na Zona Norte, os agentes encontraram um embrulho com o sobrenome do prefeito. Foram apreendidos o celular de Luciano, R$ 10 mil e vários documentos.

Outros alvos da operação foram os servidores Luís Carlos Joaquim da Silva, também levado a depor na delegacia; Ricardo Barbosa de Miranda e José Robério Vicente Adeliano. Também esteve na delegacia Daniela Rocha Pinto de Jesus, uma guardiã que ficava no Evandro Freire, na Ilha do Governador, e chegou a debochar da reportagem nas redes sociais, mas apagou a postagem após ir na delegacia.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o grupo será investigado pelos crimes de atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública, associação criminosa e advocacia administrativa. Somadas, as penas podem chegar a nove anos de prisão.

Organização criminosa

De acordo com o cientista político e sociólogo Paulo Baía, a contratação dos 'guardiões' quebra o estado democrático de direito por fazer uso de "grupos violentos, não apenas para impedir o trabalho da imprensa, mas também qualquer tipo de manifestação contrária ao governo".

O sociólogo pontua, ainda, que se trata de uma atitude autoritária e ilegal, dado que fere a liberdade de movimento da população, e tipificou o grupo como "organização criminosa atentando contra direitos fundamentais da população da cidade do Rio de Janeiro".

Peixe grande no grupo

A atuação do grupo 'Guardiões do Crivella' possuía, ao que tudo indica, a participação de peixes grandes da prefeitura, inclusive, o próprio prefeito.

Dentre nomes influentes estariam a secretária de Saúde, Beatriz Busch; Flávio Graça, da Vigilância Sanitária; Celso Gonçalves, coordenador da Comlurb; Aílton Cardoso da Silva, secretário especial da Casa Civil; Antonio José Sobral, diretor da RioLuz; o presidente da Rio Águas, Cláudio Dutra; e até um procurador-geral do município, Marcelo Moreira.

A Prefeitura afirmou que fez o grupo Guardiões do Crivella com finalidade pública.