Escolas reabertas MH

As escolas particulares do município do Rio puderam voltar a receber alunos ontem, após decisão unânime do Tribunal de Justiça (TJRJ). Segundo o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), cerca de 20% dos estabelecimentos retomaram as aulas presenciais. O retorno é opcional e depende dos diretores.

A Escola Nova, na Gávea, Zona Sul, recebeu ontem crianças do 1º, 4º, 5º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, além de jovens do 3º ano do Ensino Médio. "O retorno presencial continua voluntário, tanto para as famílias dos alunos quanto para os profissionais. Todos têm a opção do ensino on-line", informou a escola em nota.

Mãe de Heitor, de 7 anos, e Lucas, de 9, Viviane Arantes tem levado os filhos ao Centro Educacional Miraflores, em Laranjeiras, que reabriu há duas semanas. "Eles estavam muito ansiosos e dispersos dentro de casa, desejando voltar à escola e rever os amigos", conta Viviane, que explicou aos filhos a importância de usar a máscara, lavar as mãos e não tocar nos amigos.

Há duas semanas, algumas escolas particulares ensaiaram a reabertura, com base em decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A prefeitura, contudo, seguia decisão do TJRJ, contrária à retomada. Na quarta-feira, desembargadores da 3ª Câmara Cível do TJ autorizaram o retorno das escolas particulares. Em nota, a prefeitura afirmou que "os estabelecimentos privados decidem se voltam às atividades, cumprindo as normas sanitárias.

Especialistas avaliam retorno

A volta às aulas é vista com desconfiança também por especialistas. "A retomada das aulas presenciais nas escolas vai exigir um nível de atenção e cuidado que eu, sinceramente, não sei se é possível na rotina de crianças. Quanto menores são as crianças, mais risco, mais difícil é fazer essas crianças usarem a máscara corretamente, manter a máscara ao longo de todo o período escolar; além da lavagem das mãos, visto que é uma característica da criança tocar nos colegas, falar com as mãos, levar a mão à boca. Eu vejo como quase impossível, dentro de uma sala de aula, você conseguir manter o controle total e absoluto nessa situação. Acho temerário o retorno", explica a médica Roberta França.

A pediatra Daniela Piotto aponta que não se pode "ensinar para as crianças que a escola é a grande vilã da pandemia". "Recentemente, houve um aumento no número de casos no Rio, mesmo com as escolas fechadas. Isso só reforça que não existe um local livre do risco de contágio. O risco existe em todas as atividades que estão retomadas. Não podemos ensinar para as crianças que a escola é a grande vilã da pandemia. Os cuidados devem ser contínuos. É importante pais e professores conversarem sobre essa retomada sobre as mudanças da rotina escolar", afirma a médica.

Pesquisadora em Saúde do CESS/UFRJ, Chrystina Barros ressalta a importância dos protocolos sanitários. "É fundamental que as famílias tenham clareza de quais planos as escolas estão colocando em prática para diminuir os riscos de infecção. É importante que as carteiras estejam separadas, a limpeza dos banheiros intensificadas. Crianças de turmas diferentes não devem conviver no mesmo horário de recreio. Brinquedos e áreas comuns também devem ter as limpezas especificadas. São estratégias que podem ser pensadas em conjunto".

Escolas reabertas

Cerca de 20% das particulares voltaram a receber alunos ontem no município do Rio

Especialistas avaliam retorno