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Golpe na milícia! Operação da Civil com MP prende nove suspeitos em Caxias

Bando matava, sequestrava e extorquia na Baixada Fluminense

Um dos suspeitos é conduzido pela polícia. Para ampliar território, a milícia passou a explorar transportes
Um dos suspeitos é conduzido pela polícia. Para ampliar território, a milícia passou a explorar transportes -

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio prenderam na última quinta-feira nove criminosos que fazem parte de uma milícia que atua em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo as investigações, o bando é responsável por uma guerra sangrenta que se espalhou pelos bairros de Saracuruna, Jardim Primavera e Vila Urussaí, além de crimes como explosões de caixas eletrônicos, homicídios, sequestros e extorsões.

A Operação Próspera tinha como objetivo cumprir 25 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. As investigações duraram pouco mais de um ano e meio e começaram por meio de dezenas de denúncias anônimas repassadas pela comunidade à 60ª DP (Campos Elyseos). Três grupos paramilitares foram identificados.

Um dos alvos era o cabo do Exército Davison Sanches Melo, conhecido como 'Moranga'. Ele é considerado foragido. O paraquedista é acusado de fazer parte da milícia no Jardim Primavera.

Um PM também é investigado. Contra ele consta acusação de fornecimento de munições aos milicianos. De acordo com o delegado Uriel Alcântara, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), inicialmente o policial vai responder pelo porte de arma.

Três homens são apontados como líderes da milícia que atua na região e já foram identificados pela polícia: Márcio Henrique Idalgo Rodrigues dos Santos, vulgo MH; João Victor do Nascimento Faria Soares; e o terceiro criminoso conhecido por 'Careca'.

As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público apontam que a milícia em Duque de Caxias estava dividida em três grupos. E eles travavam uma guerra sangrenta no município. A disputa entre os grupos paramilitares explodiu em 2019, quando, na época, houve a prisão de 31 milicianos na região. "Ao longo do segundo semestre do ano passado surgiu um conflito entre dois grupos rivais. No fim das investigações identificamos a participação de mais um grupo, totalizando três milícias diferentes nessas regiões", explicou o delegado Uriel Alcântara.

Além da autoria de diversos assassinatos, o grupo miliciano é responsável por extorquir moradores e comerciantes. Ainda segundo as investigações, para ampliar o território, a milícia passou a explorar os serviços de transportes alternativos, como vans e mototáxis. O bando ainda fazia cobrança nos serviços de internet, TV a cabo clandestina e segurança. Conforme as investigações, quem não cumpria a ordem dada pelo bando era passível de sofrer represálias. Muitos moradores eram expulsos da própria casa, segundo os agentes. Havia também uma tabela de valores a serem pagos por mês — comércio de gás: R$ 3.200; comércio em geral: entre R$ 100 e R$ 150; vans: R$ 240; mototaxistas: R$ 400; residências: R$ 150.

Participaram da operação o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, a 60ª DP (Campos Elíseos), a 112ª DP(Carmo) e a 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).

Uma guerra sangrenta

Ao longo de um ano e meio de investigaões conjuntas com o Ministério Público do Rio de Janeiro, a polícia conseguiu estabelecer que as ordens para a realização dos ataques na Baixada Fluminense partiam de dentro dos presídios do estado e também de milicianos que agiam na Zona Norte do Rio.

"Esses grupos agiam de forma sangrenta e violenta. Denunciamos e pedimos os mandados de prisão", disse o promotor Rogério Sá Ferreira, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).