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Estado com mais mortes sem solução

De acordo com levantamento, Rio tem o pior índice do país

A impunidade em casos de morte é maior no Rio de Janeiro. O dado foi revelado em levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na segunda-feira. Segundo o estudo, o Rio tem 4.334 "mortes a esclarecer", aquelas cuja investigação não resultou na prisão dos culpados, em 2019. O número é 4,3% inferior ao ano anterior, mas ainda assim é o pior índice do país.

O dado levantado no anuário considera como morte a esclarecer os casos definidos pela Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) como "encontro de cadáver", "encontro de ossada", "morte sem assistência médica" e "encontro de desaparecido morto". De acordo com o estudo, o número total de registros enquadrados nessa categoria em todo país foi de 13.705, sendo o Rio responsável pela fatia de 31% desse dado. A taxa por 100 mil habitantes ficou em 25,1, abaixo apenas do Mato Grosso.

A especialista em segurança pública e cientista política Silvia Ramos acredita que o dado chama atenção para a situação alarmante vivida pela população do Rio. Segundo ela, o número de "mortes a esclarecer" somado aos registros de "mortes decorrentes de intervenção policial" revelam erro no caminho escolhido pelos governantes quanto às políticas de segurança pública no estado. "Essas políticas vão pelo caminho do tiroteio, confronto, operações dentro das favelas e, por consequência, a produção de muitas mortes. Mais mortes ainda do que o crime produz. Esses números mostram que é preciso dar uma guinada e investir em investigação. E aumentar a taxa de esclarecimentos de homicídios. Só quando isso acontecer, vamos conseguir eliminar os grupos criminosos que dominam grandes áreas do Rio."