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'Cena horrível', diz namorada que viu mulher ser morta no Catumbi

Kenia Paixão era parceira de Lady Ane Paulino Targino, que foi enterrada nesta sexta-feira, no Cemitério São João Batista, em Botafogo

Lady Ane Targino, de 34 anos, foi mais uma vítima de bala perdida no bairro do Catumbi
Lady Ane Targino, de 34 anos, foi mais uma vítima de bala perdida no bairro do Catumbi -
Rio - O que era para ser mais uma noite comum de trabalho terminou em tragédia na vida de Kenia Paixão. Ela é namorada de Lady Ane Paulino Targino, 34 anos, morta por uma bala perdida que acertou a cabeça dela disparada durante um confronto policial noite desta quinta-feira, no Catumbi, Zona Central do Rio. As duas estavam em frente ao trailer quando, durante um confronto policial, um tiro atingiu a cabeça da estudante de Direito. O corpo de Lady Ane foi enterrado nesta sexta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
“Nós éramos namoradas e há um mês nos tornamos sócias de um food truck, onde eu e ela estávamos na hora do incidente”, revela a fisioterapeuta. Em dezembro, as duas completariam seis anos juntas. “Estou despedaçada. Foi uma cena horrível que eu não gostaria de tê-la mais na minha mente”, completa.
Quando questionada sobre como era Lady Ane, Kenia lembra com muito carinho da companheira. “Ela era uma pessoa incrível e muito querida. Excelente filha, se preocupava muito com o pai dela e com os sobrinhos. Tinha um coração sempre preocupado com os menos favorecidos”, recorda-se Kenia.
Lady Ane Paulino Targino estava no trailer onde trabalhava, perto da Praça da Apoteose, quando foi atingida por um tiro. “Sim, a minha irmã, minha melhor amiga, minha companheira, faleceu vítima da violência do Rio de Janeiro, morreu com um tiro na cabeça enquanto trabalhava. Uma dor imensa”, desabafa a irmã da vítima, Viviane Targino, em uma rede social.

Natural de São Gonçalo, Lady Ane estava perto de terminar o curso de Direito da UFRJ, no qual ingressou no segundo semestre de 2014. Antes, tinha cursado um período de Letras: Português/Inglês.

“A Reitoria da UFRJ se solidariza com a família e amigos da Lady Ane, neste momento de intensa tristeza. Além da pandemia de covid-19, ainda somos forçados a conviver com a dura violência no estado do Rio de Janeiro, deixando a população desabrigada do direito constitucional da segurança. Esperamos, convictos, que as investigações policiais sejam rigorosas, ágeis e eficazes”, afirma a nota da UFRJ.

De acordo com Thiago Marreiro Tomaz, um amigo de Lady Ane, ela era filha de paraibanos, servidora efetiva no município de Maricá-RJ e resolveu empreender próximo à residência.

“Que continue brilhando, Lady, em paz, porque és um astro e continuarás nos aquecendo e iluminando sempre. Te amo”, escreveu ele em um post.

Este é o segundo caso só nesta semana de bala perdida que fez vítima fatal na região. Nesta segunda-feira, Caio Gomes Soares, de 23 anos, foi atingido por uma bala perdida dentro de casa. O rapaz tinha acabo de levantar da cama para pegar um suco, quando o tiro o atingiu depois de atravessar um armário do quarto. Caio morreu na hora, nos braços da irmã. Ele, que era estudante de educação física da Uerj, foi enterrado na terça-feira, no Cemitério do Catumbi.