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Camelôs fazem manifestação em homenagem a amigo assassinado

Douglas Bellot foi morto a tiros quando voltava para casa, no Bateau Mouche. 'Não vamos nos calar diante dessa covardia', afirmam colegas ambulantes. Milícia pode ter envolvimento na morte

Douglas Bellot estava perto de casa quando foi atingido, próximo à comunidade do Bateau Mouche
Douglas Bellot estava perto de casa quando foi atingido, próximo à comunidade do Bateau Mouche -
Rio - Camelôs que trabalham na região de Madureira organizam um protesto na manhã deste domingo em homenagem ao vendedor ambulante Douglas Bellot, de 36 anos, morto a tiros na última sexta-feira, quando chegava em casa na favela do Bateau Mouche, na Praça Seca. A manifestação será em frente ao Mercadão de Madureira, região onde DG, como era conhecido, vendia doces e cerveja na estação do BRT.
Em mensagem que circula nos grupos de Whatsapp, vendedores ambulantes afirmam: "não vamos nos calar diante dessa covardia que aconteceu com nosso amigo DG. Queremos justiça e para isso precisamos nos unir e pedir às autoridades uma resposta sobre o crime que ceifou a vida do nosso amigo. Não podemos deixar que esses marginais matem mais pais de família". Os colegas pretendem ir do local da homenagem até o Cemitério de Inhaúma, onde Douglas será enterrado no início da tarde. A Delegacia de Homicídios investiga o caso.

Na madrugada de sexta-feira (23), Douglas fechou a barraca, avisou à esposa que estava voltando e subiu a favela de mototáxi. No trajeto a pé, já próximo de casa, foi alvejado com tiros na cabeça e na barriga. A esposa chegou a sentir o cheiro da pólvora.

Barraca de DG fazia sucesso
Muito movimentada, a barraca de Douglas dentro da estação do BRT vendia de chocolates a cerveja e era o principal sustento da família. DG morava com a esposa e três filhos - de um, seis e oito anos -, e havia acabado de comprar ar-condicionado e televisão de 60 polegadas. "O DG do Mercadão era um cara humilde, pensava na família. Dava muitos conselhos para os sobrinhos, cunhados. Todo dia mandava mensagem, sempre perguntando se queria alguma coisa. Todo dia tinha mensagem dele: 'bom dia família, bom dia de trabalho, fiquem com Deus'. Tava conseguindo as coisinhas dele, reformando a casa. Trabalhava muito".
Milícia pode ter envolvimento
Milicianos podem ter envolvimento na morte de Douglas. A casa do vendedor ambulante fica perto de uma área de mata onde criminosos passam a madrugada monitorando a movimentação do morro. Segundo colegas, Douglas costumava subir avisando: "é o DG, é morador". A região da Praça Seca vem sendo disputada entre grupos de traficantes e milicianos. No dia 27 de julho, o jovem Caio de Jesus Barbosa, de 24 anos, foi morto durante um confronto entre criminosos. Ele estava com casamento marcado para setembro deste ano. Segundo moradores, bandidos do Comando Vermelho (CV) tentam voltar a controlar a região, que é dominada pela milícia.