O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou nesta quarta-feira (28) uma charge dele publicada no semanário satírico francês Charlie Hebdo, que chamou de "ataque vil" cometido por "canalhas". A declaração vem na sequência de um confronto verbal com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre seu apoio à publicação das polêmicas charges do profeta Maomé.
"Não vi a caricatura (...) É inútil falar qualquer coisa sobre estes canalhas", declarou Erdogan em um discurso em Ancara. "Minha ira não se deve ao ataque vil contra minha pessoa, e sim ao insultos contra o profeta Maomé", completou.
Na segunda-feira (26), o presidente turco já havia proposto boicote de sua população aos produtos franceses, o que contraria o espírito de acordos comerciais assinados por seu país junto à União Europeia.
"Assim como na França alguns dizem 'não compre marcas turcas', eu me dirijo à minha nação daqui: 'Acima de tudo, não preste atenção às marcas francesas, não as compre'", disse Erdogan.
"Assim como na França alguns dizem 'não compre marcas turcas', eu me dirijo à minha nação daqui: 'Acima de tudo, não preste atenção às marcas francesas, não as compre'", disse Erdogan.
"Uma campanha de linchamento está sendo realizada contra os muçulmanos, semelhante à dos judeus da Europa antes da Segunda Guerra Mundial", acrescentou o presidente, fomentando manifestações em outros países de maioria muçulmana contra Macron e a França.
Islamismo na França e o professor morto
O presidente Emmanuel Macron tem discursado sobre medidas contra um plano de “separatismo islâmico” e uma intensificação de ações para defender o secularismo e combater o islamismo radical. A França tem grande população muçulmana, apesar de medidas como a proibição do uso de niqabs, o véu muçulmano usado para cobrir o rosto, em locais públicos.
Os confrontos em discursos entre Macron e o presidente Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, se intensificaram ainda mais depois do último dia 16, quando um professor francês foi decapitado na periferia de Paris, após exibir charges do profeta Maomé a seus alunos.
O assassinato, rapidamente denominado como um “ataque islâmico” por parte das autoridades, chocou a França. Desde 2015, o país sofre uma série de ataques extremistas que deixaram mais de 250 mortos.
Samuel Paty, um professor de história e geografia de 47 anos motivado e próximo de seus alunos, segundo aqueles que o conheciam, foi decapitado no meio da rua, próximo à escola onde trabalhava, em Conflans-Sainte-Honorine, uma pequena cidade de 35.000 habitantes localizada a 30 quilômetros de Paris.
Imediatamente após o ataque, a polícia tentou deter na área um homem armado com uma faca, que os ameaçou. Os policiais reagiram e abriram fogo, matando o agressor. Seu nome era Abdullakh A., tinha 18 anos, nasceu na Rússia, mas era checheno. Não tinha antecedentes criminais, embora já tenha cometido um delito leve.
Com informações da AFP.