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'O relatório da Defensoria disse que estávamos sentados em um barril de pólvora', diz médico de Hospital de Bonsucesso

De acordo com o funcionário, desde a fundação da unidade e saúde, em 1948, o hospital nunca tinha feito uma reforma ou manutenção na rede elétrica

Hospital Federal de Bonsucesso: um dia após incêndio fumaça ainda podia ser vista por bombeiros
Hospital Federal de Bonsucesso: um dia após incêndio fumaça ainda podia ser vista por bombeiros -
Rio - O médico clínico Júlio Noronha, diretor do corpo clínico do HFB, contou que desde a fundação, em 1948, o hospital nunca tinha feito uma reforma ou manutenção na rede elétrica.
"O problema se agravou nos últimos anos. Desde 2005 tínhamos um problema na sub-estação da Light. Nós últimos 70 anos, estávamos sem nenhuma manutenção da parte elétrica e gerador. A coisa dantesca e marcante, foi o relatório da Defensoria que disse que estávamos sentados em um barril de pólvora, pois os transformadores poderiam explodir. Naquela época, o Paulo Cotrim, mandou um relatório para o Ministério da Saúde pedindo a reforma e a modernização da parte do subsolo e da parte elétrica".
Questionado, o médico contou que já era previsto uma tragédia no local. "Já era esperado. Só não sabíamos que seria tão rápido assim. A questão do Ministério da Saúde saber o que estava acontecendo e não fazer nada causou uma grande revolta. Muita revolta. Não imaginávamos que seria agora. Fiquei chateado e triste".
Tragédia anunciada
O risco de um incêndio de grandes proporções no Hospital Federal de Bonsucesso havia sido alertado pela Defensoria Pública da União (DPU). Em setembro do ano passado, o órgão pediu que a direção do hospital desse explicações sobre a estrutura de combate de incêndio na unidade. 
Na ocasião, o defensor publico Daniel Macedo explicou que um acidente naquele hospital poderia ter 'consequências catastróficas', por conta do número de pessoas que circulam diariamente na unidade.
Em abril do ano passado, uma equipe de engenheiros elaborou o relatório, por conta de uma iniciativa do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde.
O documento elaborado por eles deixava claro a situação caótica do hospital. O sistema de combate a incêndio foi apontado como precário. Também foi verificado a falta de um plano de combate a incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiro. Não foi encontrado sistema de detecção de fumaça e sprinklers, componentes que soltam água em caso de incêndio, combatendo as chamas imediatamente.
Hospital Federal de Bonsucesso: um dia após incêndio fumaça ainda podia ser vista por bombeiros Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Incendio no Hospital Federal de Bonsucesso. Bombeiros cerrando o teto do local. Daniel Castelo Branco / Agência O Dia