Prosseguimento de impeachment de Witzel é aprovado por unanimidade

Placar da sessão do Tribunal Misto foi de 10 a 0 para a continuidade do processo; Witzel deverá desocupar o Palácio Laranjeiras em 10 dias e também terá corte de um terço no salário

TJRJ libera depoimentos de Edmar Santos e Edson Torres para defesa de Witzel
TJRJ libera depoimentos de Edmar Santos e Edson Torres para defesa de Witzel -
O 7 a 1 particular de Wilson Witzel teve placar de 10 a 0 nesta quinta-feira, na sessão do Tribunal Especial Misto que decidiu, por unanimidade, pela continuidade do processo de impeachment do governador afastado. O resultado acachapante ilustra seu declínio político e moral: o tribunal decidiu que Witzel deve desocupar o Palácio Laranjeiras no prazo máximo de 10 dias, e também terá corte em um terço do salário. Witzel está afastado do governo desde agosto, após suspeitas de irregularidades em contratações da pasta da Saúde durante a pandemia.
Em Santa Catarina, a sessão que julgou o afastamento do governador Carlos Moisés (PSL) levou mais de 17 horas. No Rio, foram menos de três de horas, em outro aspecto que dá mostras do isolamento de Witzel. A sessão começou às 10h, e pouco depois do meio-dia os membros do colegiado já tinham decidido pela continuidade do impeachment, por maioria simples. O tribunal foi formado por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais. Todos foram a favor.
O deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) foi quem deu o primeiro voto. Em seguida, os desembargadores José Carlos Maldonado de Carvalho, Fernando Foch, Teresa de Andrade Castro Neves, Inês da Trindade de Melo e Maria da Glória Bandeira de Mello, e os deputados Chico Machado (PSD), Carlos Macedo (Republicanos), Alexandre Freitas (Novo) e Dani Monteiro (PSOL).
'Nem Jesus Cristo teve um julgamento justo'
Logo após o fim da sessão, Witzel usou as redes sociais para se defender, mas também atacar. Ele comparou seu julgamento ao de Jesus Cristo e acusou a esquerda e "bolsonaristas extremistas". "Enfrento mais este capítulo com a consciência tranquila. Trata-se de um processo político para me desgastar, especialmente pela esquerda e por bolsonaristas extremistas, mas tenho confiança de que deputados e desembargadores farão um julgamento justo para o bem da democracia", escreveu no Twitter.
"Nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo, mas cumpriu seu propósito. Não tenho dúvida de que a verdade prevalecerá. Infelizmente, a política tem usado o processo penal e o impeachment para afastar aqueles que não conseguem derrotar nas urnas", completou.
Impeachment pode ser concluído em janeiro
Com a aprovação da denúncia, o relator agora terá dez dias para publicar o acórdão. Depois, a defesa de Wilson Witzel terá mais 20 dias para se manifestar. O sistema ainda prevê depoimentos de testemunhas e alegações finais de defesa e de acusação, o que deve durar mais alguns meses. Por fim, haverá votação final para decidir a cassação definitiva de Witzel e a perda de seus direitos políticos. Para o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Cláudio de Mello Tavares, o impeachment pode ser concluído ainda em janeiro.
"Na tese de avanço, acreditamos que em janeiro nós possamos nos reunir para termos o julgamento final e definitivo. Salvo se houver perícia. Aí, não tenho como garantir. A prova pericial demanda mais tempo", explicou Tavares.
Despejo do Palácio Laranjeiras gera debate
Além do prosseguimento do impeachment, outros aspectos relacionados ao futuro - e ao conforto - do governador afastado foram discutidos. A votação decidiu que Witzel deve ser despejado do Palácio Laranjeiras e ter corte de um terço no salário. Os temas geraram debate. A defesa argumentou que a saída do palácio influencia na "segurança" do governador afastado.
"O que está se levando em consideração, pelo que eu entendi, é que, tendo em vista que ela (a denúncia) está sendo acolhida e ele está sendo afastado de suas funções, consequentemente ele não deve continuar ocupando o palácio", defendeu o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Cláudio de Mello Tavares.
A defesa rebateu. "Senhor presidente, a defesa apenas pondera que o salário é reduzido em um terço e não em três terços. O palácio está sendo 100% suprimido, e a segurança está intrínseca ao palácio". Tavares respondeu: "Mas é uma questão legal".
Afastado desde agosto
O governador está afastado desde agosto pela suspeita de irregularidades na contratação da OS Iabas para a construção de hospitais de campanha contra a covid-19. O governador afastado também está sendo acusado de cometer crime de responsabilidade.
Sessão do Tribunal Especial Misto decidiu admissibilidade do processo de impeachment de Witzel
Sessão do Tribunal Especial Misto decidiu admissibilidade do processo de impeachment de Witzel ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares
Presidente do TJRJ, Cláudio de Mello Tavares ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
Sessão do Tribunal Especial Misto que votou, por unanimidade, o avanço do processo de impeachment de Wizel
Sessão do Tribunal Especial Misto que votou, por unanimidade, o avanço do processo de impeachment de Wizel ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA