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Testes da CoronaVac seguem suspensos, diz Anvisa

Agência afirma que não recebeu informações suficientes e cumpriu protocolo do Comitê Internacional Independente

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só poderá reavaliar a suspensão dos testes da CoronaVac quando receber informações suficientes pelos meios oficiais
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) só poderá reavaliar a suspensão dos testes da CoronaVac quando receber informações suficientes pelos meios oficiais -
Em coletiva nesta terça-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que a suspensão dos testes da CoronaVac está mantida. A declaração vem depois de coletiva do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que afirmou que não haveria razão para a paralisação dos testes. De acordo com a Anvisa, foi seguido o protocolo para quando são informados efeitos adversos graves não esperados. A agência alegou ainda não ter recebido informações suficientes em relatório enviado pelo Butantan.
Segundo laudo médico emitido pelo Instituto Médico-Legal (IML), a morte do voluntário que causou a paralisação dos testes, foi decorrente de suicídio. O caso foi comunicado como evento adverso grave não esperado. 

“As informações recebidas ontem levaram a área técnica a paralisar temporariamente os testes da vacina CoronaVac. Essa decisão não depende de outro aval”, declarou o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, lembrando do caso da vacina de Oxford, que também teve seus estudos paralisados de 8 a 12 de setembro. O diretor-presidente reforçou que “a decisão de ontem era a única a ser tomada”, conforme os documentos recebidos pela Anvisa.
O gerente-geral de medicamentos da agência, Gustavo Mendes, reforçou que as informações recebidas oficialmente não foram suficientes para que o caso fosse analisado a fundo. Por isso, foi realizada uma reunião na manhã desta terça, entre representantes da CoronaVac e autoridades da Anvisa. No entanto, a agência ainda aguarda as informações pelos meios oficiais: 
“Mantemos a suspensão porque ainda não temos evidências e dados que tragam a confiança de que o estudo pode continuar. A Anvisa está sendo a única a avaliar os dados da CoronaVac. Por isso, vamos usar do princípio de cautela para que as vacinas só sejam disponibilizadas para a população quando tivermos a certeza técnica”, afirmou. 
Uma suposta interferência política nas decisões em torno da vacina também foi questionada. A CoronaVac é motivo de confrontos constantes entre o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente da República, Jair Bolsonaro. A tese, no entanto, foi rechaçada pelo diretor-presidente da instituição: 
“Nós não tecemos comentários sobre questões políticas. O cidadão brasileiro não precisa que a Anvisa seja contaminada por questões políticas”, afirmou Antônio Barra Torres. 
“Uma situação de politização põe em xeque o nosso trabalho. Pedimos que o trabalho técnico seja respeitado. Estamos zelando pelos melhores dados. Pelas melhores informações. Ao final, queremos uma vacina que seja segura. Estamos trabalhando nisso e tomaremos as medidas necessárias para dar essa garantia”, completou Gustavo Mendes. 
Sobre a decisão pela paralisação, a diretora Alessandra Bastos explicou que, quando ocorre um efeito adverso, há um detalhe importante para que uma decisão seja tomada: se ele era esperado ou não. De acordo com ela, quando ocorre efeito adverso não esperado, a paralisação é protocolar, de acordo com recomendações do Comitê Internacional Independente.