Agentes de saúde protestam contra remoções de profissionais do Hospital Federal do Andaraí

A informação que seis médicos foram transferidos da unidade sem possibilidade de recurso, na semana passada, foi divulgada com exclusividade pelo DIA

Manifestação de Profissionais da Saúde contra o certame e sucateamento do Hospital do Andaraí.
Manifestação de Profissionais da Saúde contra o certame e sucateamento do Hospital do Andaraí. -
Rio - Profissionais da rede federal de saúde realizam um protesto, na manhã desta segunda-feira, em frente ao Hospital Federal do Andaraí (HFA), na Zona Norte. Aproximadamente 200 agentes se reúnem na Rua Gastão Penalva e, com faixas e cartazes, chamam atenção da população para duas pautas: a transferência ex-officio, sem possibilidade de recurso, de seis médicos do HFA, sendo cinco deles chefes de serviço, como os de oncologia e tratamento de queimados, e o certame do Ministério da Saúde que vai substituir, em 31 de dezembro, 3.117 profissionais com, no mínimo seis anos de serviço na rede. Segundo os manifestantes, o certame apresenta irregularidades. 
"Cerca de 70% profissionais tiveram pontuação zerada no certame, apesar de boa parte terem mais de 10 anos de atuação na rede. O edital contava pontos por cada ano de serviço, mas, de forma fraudulenta, isso não foi levado em consideração", afirma Sidney Castro, diretor do Sindicato dos Trabalhadores e Previdência da Rede Federal de Saúde do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ).
Outro ponto do edital que os manifestantes caracterizam como fraude é a substituição de profissionais com tempo de serviço dos hospitais por agentes sem experiência comprovada.

"Identificamos que pessoas aprovadas no edital sequer têm registro profissional em órgãos da categoria, como o Conselho Regional de Efermangem do Estado do Rio (Coren RJ)", diz Christiane Gerardo, diretora do Sindsprev/RJ.

REMOÇÃO NA REDE

Os agentes que se manifestam nesta manhã chamam atenção para o que chamam de processo de tentativa de privatização da rede federal.

"O receio é que aconteça na rede federal o mesmo que se deu na municipal e estadual de Saúde: a terceirização da administração dos serviços para entidades privadas como as Organizações Sociais (OSs), o que foi um caminho aberta para a corrupção e consequente precarização dos atendimento à população", diz Christiane Gerardo.

A remoção dos profissionais chefes de serviço, com mais de 35 anos de atuação na rede federal, determinada na última semana pela Superientência do Ministério da Saúde do Rio, é uma tentativa, segundo os manifestantes, de desarticular a oposição dentro das unidades ao certame e ao que chamam de processo de privatização em curso na rede federal. De acordo com eles, boa parte dos profissionais que estão sendo removidos integram ou já integraram o Corpo Clínico dos hospitais, entidades eleitas pelos profissionais para fiscalizar e cobrar melhores condições de trabalho e atendimento à população.

Neste momento, o manifestantantes caminham, na Rua Gastão Penalva, da porta principal do Hospital do Andaraí para a entrada do Serviço de Oncologia ("Casa Rosa"), cujo diretor, doutor Silvino Frazão de Matos), com 45 anos de atuação no Hospital do Andaraí, é um dos profissionais que estão sendo transferidos da unidade. A Polícia Militar acompanha os manifestantes.
O Dia entrou em contato com o órgão e aguarda posicionamento sobre as questão apontadas pelos manifestantes.