Rio - Cerca de 200 manifestantes fazem um protesto no Carrefour da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, após a morte de um homem negro, identificado como João Alberto Silveira Freitas, em uma unidade do supermercado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A reportagem do Meia Hora, que está no local, filmou o momento em que os protestantes gritam "racistas não passarão", enquanto carregam cartazes com dizeres como "sem luta, sem paz", "Carrefour assassino", entre outros. Por volta das 18h10, os manifestantes pediram a liberação dos funcionários do estabelecimento.
Cerca de 200 pessoas fazem um protesto no Carrefour da Barra da Tijuca após morte de homem negro em um supermercado de Porto Alegre. #ODia
— Jornal O Dia (@jornalodia) November 20, 2020
Crédito: Lucas Cardoso pic.twitter.com/6H1NlqOnhV
O protesto consiste em lotar carrinhos com produtos e bloquear os caixas. Uma cliente do supermercado chegou a ligar para a polícia por não conseguir passar as compras. Os seguranças do estabelecimento apenas observam a movimentação. Alguns manifestantes aproveitaram equipamentos de som à venda no mercado para colocar a mensagem "não comprem, não colaborem com um mercado racista".
No local, estão artistas como Tico Santa Cruz, o rapper 'BK', Pretinho da Serrinha e Nego do Borel. Em um dado momento, os protestantes colocaram para tocar a música Olho de Tigre, do rapper mineiro Djonga.
O ativista dos Direitos Humanos, Raull Santiago, morador do Complexo do Alemão também esteve no Carrefour. "A gente está aqui para dizer que basta. Isso só vai mudar de verdade se todo mundo trouxer a responsabilidade para si. Esse país é racista, é desigual, violento e precisa de uma mudança agora", disse Raull.
Histórico desfavorável
O supermercado Carrefour já protagonizou outros escândalos antes de morte de João Alberto. Em agosto deste ano, um homem de 53 anos morreu enquanto trabalhava em uma loja da rede em Recife. Para não impactar as vendas, os funcionários da loja cobriram seu corpo com guarda-sóis e tapumes e só o retiraram quando o movimento da loja diminuiu, mantendo as vendas como se nada tivesse acontecido.
Um caso ocorrido em outubro de 2018 - mas que só veio à tona com imagens de segurança divulgadas em março de 2019 - também chamou a atenção pelo uso desproporcional de força direcionado a um negro - e que também era deficiente físico.
Luís Carlos Gomes abriu uma latinha de cerveja dentro de uma unidade da rede em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e, ao ser questionado por funcionários da loja, disse que pagaria pelo produto. Em seguida, o homem, negro e deficiente físico, foi perseguido por um gerente da loja e por um segurança, encurralado e agredido dentro do banheiro da unidade.
No final de 2018, um segurança de uma unidade em Osasco agrediu e matou um cachorro com uma barra de ferro. Na ocasião, nenhum funcionário da loja socorreu o animal, que foi levado a uma clínica veterinária por uma pessoa que estava passando, e não sobreviveu. Manchinha, como era conhecido, era dócil e e abandonado e circulava pelo estacionamento do supermercado.