Marcelo Freixo: 'Aquele sorriso da Marielle é eterno'

Próximo da família de Marielle, deputado federal do PSOL diz acompanhar de perto as investigações e clama pela conclusão do caso: 'Mil dias sem resposta é absurdo'

Marcelo Freixo e Marielle Franco
Marcelo Freixo e Marielle Franco -
Rio - Há mil dias, os muros da cidade não deixam a população se esquecer do maior ponto de interrogação da história recente do Rio de Janeiro. 'Quem mandou matar Marielle Franco?' está em inscrições nas paredes, estampas de camisetas e nas redes sociais de artistas e ativistas do mundo inteiro. O assassinato minuciosamente planejado da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, aconteceu na noite de 14 de março de 2018 e completa mil dias nesta terça-feira. Para familiares, amigos e admiradores, 1.000 interrogações. 
Marcelo Freixo foi professor de Marielle e colega de trabalho por dez anos até a socióloga, mestre em Administração e cria da Maré lançar-se vereadora em 2016. Em entrevista ao MEIA HORA, o deputado federal do PSOL diz não ter dúvidas de que a milícia encomendou o crime e reforça que "mil dias sem resposta é absurdo".
"Tenho esperança na resolução do caso porque Marielle nos ensinou a viver com esperança. Foi minha grande parceria e aprendia com ela a ter esperança, porque ela não desistia. Mas a dúvida continua sobre quem está por trás disso tudo. Mil dias sem resposta é absurdo, um crime", opina o parlamentar.
O caso é um dos maiores quebra-cabeças da história do Rio, com reviravoltas, tentativas de federalização e depoimentos forjados. Até agora, o principal passo dado pela Polícia Civil foi a prisão, no ano passado, do sargento reformado da PM Ronnie Lessa e de seu cumpadre, o ex-PM Élcio Queiroz, acusados de estarem no carro que atirou contra o veículo da vereadora, poucos metros depois da estação de metrô do Estácio de Sá. Freixo afirma que acompanha o caso de perto.
"Eu acompanho a investigação muito de perto, sou uma das pessoas que acompanha desde o início. Eu sei que é um caso complexo, um dos mais bem planejados da historia. A gente consegue entender a dificuldade. Ela não recebia nenhuma ameaça, nem ela mesma imaginava que isso aconteceria", afirma Freixo.
"A gente sabe que eles têm uma linha, e não temos dúvidas do envolvimento da milícia. Cabe a nós, amigos, familiares e ao partido, fazermos pressão. Mas a gente dialoga, ajuda. Ontem mesmo fui na Delegacia de Homicídios da Barra conversar com o delegado. Sei dos passos da investigação, mas é muito tempo sem respostas. Tenho dito que esse homicídio é o atestado de óbito do Rio de Janeiro".
Legado permanece em outras legislaturas
As chamadas 'sementes' de Marielle têm florescido a cada eleição, com mais legislaturas de mulheres jovens, negras e de origem em comunidades do Rio. Para Freixo, este é a principal herança da vereadora. "É onde o legado é mais visível, o do carinho por ela. As pessoas que têm a placa da Marielle em casa, que acreditam que ali tem um caminho. Aquele sorriso da Marielle é eterno, ela agregava. Não à toa, tanta gente foi na Cinelândia no dia seguinte à morte, no velório".
Ato marca os 1.000 dias sem resposta
A Anistia Internacional e o Instituto Marielle Franco organizaram um ato na Cinelândia nesta terça-feira, em frente à Câmara de Vereadores, onde Marielle legislava, para lembrar a data. Organizadores esticaram no chão da Cinelândia uma faixa com a frase '1000 dias sem respostas'. A hashtag #1000DiasSemResposta, ao longo do dia, está sendo usada por artistas, ativistas e influenciadores digitais nas redes sociais. Nesta terça-feira, quando o Dia da Justiça é celebrado, 550 relógios tiveram os alarmes disparados simultaneamente às 8h, bem em frente à Câmara dos Vereadores, para cobrar celeridade no caso. O protesto foi batizado de 'Despertador da Justiça'.
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco.
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco.
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Cerca de 550 relógios soaram o alarme ontem na Cinelândia
Cerca de 550 relógios soaram o alarme ontem na Cinelândia Estefan Radovicz
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco
Ato na Cinelândia pela passagem dos mil dias da Morte de Marielle Franco Estefan Radovicz / Agencia O Dia