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Amigos e parentes de jovens mortos em Belford Roxo classificam crime como covardia

Indignação e emoção marcam enterro de Jhordan Luiz, 17, e Edson Arguinez, de 20 anos, na tarde desta segunda-feira

Enterro do jovem, Edson de Souza Arguinez Junior, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo
Enterro do jovem, Edson de Souza Arguinez Junior, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo -
Rio - Centenas de pessoas choraram a morte dos jovens Edson Arguinez Júnior, 20, e Jhordan Luiz, 17, na tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Aos prantos, amigos e parentes manifestavam indignação contra a abordagem policial que matou os dois amigos, que costumavam jogar futebol juntos.
O pai de Dinho, como Edson era chamado pelos amigos, foi amparado por amigos e parentes. "Desilusão, inferno feito. Me tiraram tudo que eu tinha. Meu filho está morto", desabafou Edson durante o velório. Emocionado, o pai não falou com a imprensa. "Pagamos imposto para o estado fazer isso", criticou durante o sepultamento.
Amigos vestiam camisetas com a inscrição "Eterno Dinho. Adeus amigos, para sempre vou lembrar de tudo que vivemos".
A mãe de Edson, Renata Santos de Oliveira, de 40 anos, cobrou Justiça e a exclusão dos militares da corporação. "Estou vivendo o que não desejo a ninguém. Estou enterrando meu filho", declarou.
"Não deram chance para o meu filho estar comigo hoje. A Justiça tem que ser feita. Eles (policiais) têm que permanecer presos e serem expulsos da corporação", cobrou.
A cuidadora de idosos diz que apela para que o caso não se repita. "Dois rapazes não podem andar numa moto só porque são pretos? Eles não estavam com nada. Eles foram covardemente assassinados. Temos que nos juntar para que não aconteça com outros filhos", declarou.
Renata afirmou que Dinho, o mais velho de seus 4 filhos, não tinha antecedentes criminais e era estudante do ensino médio. "Tiraram um pedaço de mim", disse. Renata também agradeceu o apoio do comandante do 39° BPM.
Mãe de Jhordan precisa ser amparada
A mãe de Jhordan, Alecsandra, precisou ser amparada durante o velório e após o sepultamento. A mãe repetia que amava o adolescente. "Perdoa por eu não ter te protegido, por não ter estado lá", dizia.
Jhordan foi sepultado ás 15h com rosas, flores brancas e uma bola de futebol autografada pelos companheiros. Seu apelido era Pelé, por conta da paixão. Parentes e amigas entraram cânticos cristãos durante o enterro e os jovens cobraram por justiça.
Pastor, o avô do adolescente, Bira de Sá, 63, realizou uma oração para consolar os amigos e parentes. "Esses meninos eram atletas, gostavam de bola. É muita indignação que sentimos agora. Que as outras mães não sofram essa violência", disse o pastor.
Jhordan e Edson foram encontrados mortos na tarde do último sábado, por familiares. Os suspeitos das mortes são dois policiais militares que estão presos preventivamente.
Edson e Jordan foram assassinados na madrugada de sábado. Os dois aparecem em um vídeo divulgado nas redes sociais sendo brutalmente abordados por dois policiais militares. Os amigos estavam em uma motocicleta e sem capacete. Na abordagem, um policial atira na direção dos rapazes.
Nas imagens, os rapazes caem no chão e são agredidos pelos policiais. Eles são algemados e colocados dentro da viatura. Um dos PMs sai do local com a moto usada pela dupla.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, o cabo Júlio Cesar Ferreira dos Santos e o soldado Jorge Luiz Custódio da Costa foram presos em flagrante após determinação do juiz Rafael de Almeida Rezende. Eles tiveram as armas apreendidas.
Na audiência de custódia o juiz disse haver "fortes indícios" de que os suspeitos cometeram o crime e acrescentou ser "evidente que a prisão cautelar é necessária para a garantia da ordem pública".
Em um primeiro depoimento, os agentes negaram ter atirado na direção dos amigos. Os PMs alegaram que estavam abordando um veículo suspeito quando os garotos passaram de moto. Os policiais disseram, ainda, que a queda ocorreu por conta de um descontrole de quem pilotava a moto. Após serem algemados, os amigos seriam levados à delegacia, mas os PMs alegam que os dois foram liberados.
Enterro do jovem, Edson de Souza Arguinez Junior, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agência O Dia
Edson Arguinez Junior Reprodução
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo. Na foto, o pai, Sr. Edson Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Beatriz Perez / Agência O Dia
Cerca de 100 pessoas se despediram de Edson Arguinez Júnior, no início da tarde desta segunda-feira, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo Beatriz Perez / Agência O Dia