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Ministério Público denuncia PMs por morte de quatro pessoas no Vidigal

Justiça decretou a prisão preventiva dos acusados

Policiais realizando abordagem no Vidigal
Policiais realizando abordagem no Vidigal -
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta segunda-feira, quatro policiais militares que participaram de uma operação em janeiro deste ano na comunidade do Vidigal, em São Conrado, na Zona Sul, onde quatro pessoas morreram. Eles foram indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e uma tentativa de homicídio. O processo foi distribuído para o Juízo da 4ª Vara Criminal da Capital, que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva dos acusados. De acordo com a PM, os agentes estão presos na Unidade Prisional da PMERJ.
Segundo a denúncia, os crimes foram cometidos por motivo torpe, pelo fato de os PMs terem suspeitado que as vítimas eram integrantes do tráfico de drogas na localidade. No documento, os promotores relatam que os denunciados Pedro Jeremias Lemos Pinheiro, Victor Barcelleiro Batista, Ricardo de Moraes Mattos e Rafael Nascimento Rosa invadiram a residência de um morador da comunidade, onde se esconderam e se posicionaram para atirar contra as vítimas, sendo duas delas "amplamente reconhecidas no meio em que viviam como honestas e trabalhadoras".
De acordo com o MPRJ, a investigação demonstrou, "de modo inequívoco, que não houve agressão injusta contra policiais ou terceiros e que a ação violenta foi imoderada e desnecessária".
"De fato, os denunciados, substituindo-se às instituições e agindo fora de qualquer padrão de civilização, constituíram-se em julgadores das vítimas e impuseram-lhes a pena de morte por execução sumária, numa cabal afronta ao Estado de Direito e à ordem constitucional vigente", ressalta o órgão.
O crime
Na época do crime, moradores denunciaram que militares, que são da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, entraram na comunidade atirando a esmo para "pegar arrego" – propina que o tráfico paga a policias para não entrarem nas favelas.
"Estamos falando do que vimos, tudo quebrado, portão de ferro, morador agachado. Muito, muito, muito tiro. O Vidigal parou, os moradores ficaram encurralados no ponto de ônibus. O que nós sabemos é que eles querem arrego e só vão sair quando conseguirem", disse um morador.
Após as mortes, o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), coronel Jorge Pimenta, foi substituído do comando das UPPs. Para o seu lugar foi designado o tenente-coronel Luiz Octávio Lopes, que estava a frente do 3º BPM, no Méier.
Vítimas
Douglas Rafael Barros Assunção, de 18 anos;
Ivanildo Moura de Souza, de 22 anos;
Cláudio Henrique Nascimento de Oliveira, de 24 anos, porteiro;
Marcos Guimarães da Silva, de 51 anos, entregador de supermercado.