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Itaguaienses adaptam a ceia por causa dos preços

Frango tem sido a escolha para substituir as aves tradicionais como destaque da mesa de Natal

As vizinhas Viviane e Priscila, do Ibirapitanga, contentes com os frangos que compraram: ceia gostosa mas sem arrasar com o bolso
As vizinhas Viviane e Priscila, do Ibirapitanga, contentes com os frangos que compraram: ceia gostosa mas sem arrasar com o bolso -
ITAGUAÍ – Em tempos difíceis, com pandemia e dinheiro curto, muitos em Itaguaí vão optar por produtos mais em conta para poder celebrar o Natal com uma ceia capaz de congregar sem abrir mão da refeição caprichada. Só que capricho, desta vez, não tem a ver com o ingrediente. É o que contaram a O DIA três itaguaienses que vão fazer do frango a atração principal da ceia nas suas casas. Viviane, Priscila e Estela vão fazer como muitas donas de casa que não abrem mão da tradição natalina, mas que vão adaptar as compras do mercado à realidade do bolso.
PERU DE 179 REAIS
Peru, Chester, Tender e Bacalhau são palavras riscadas da lista de muitos vão às compras para buscar os ingredientes da ceia do dia 24 de dezembro. Os preços das tradicionais aves natalinas estão proibitivos. É o que diz Viviane Dutra, moradora do bairro ibirapitanga: “Ano passado fiz muita coisa, mas este ano está tudo muito caro. Leite condensado praticamente dobrou de preço. As frutas sempre ficam mais caras perto da véspera de Natal”.
Viviane precisa preparar uma ceia para nove pessoas da família. Sem as aves tradicionais ou o peixe norueguês, a ceia dela vai contar com um ingrediente que frequenta a mesa dos brasileiros praticamente toda semana: o frango. “Achei um frango inteiro que na promoção do Guanabara acabou ficando por 50 reais. Foi a solução! Vi um Peru que custava 179 reais!”, espanta-se ela, que ensina a comprar pernil no açougue. Viviane contou que, perto do Carvão, um açougue vendia a peça do porco a R$ 15,99 o quilo. “Por aí está o dobro do preço, os congelados são muito mais caros, por isso tem que pesquisar”, ensina.
Para complementar a refeição caprichada, ela vai fazer salpicão, outro clássico da mesa dos brasileiros que é presença quase certa em muitos lares.
DOIS FRANGOS POR R$ 40
Priscila dos Santos, 39 anos, vizinha de Viviane, vai fazer ceia para cerca de 10 pessoas, entre crianças e adultos. Ela tem sete filhos e mais um está para chegar. O marido está desempregado. Grávida, contou que faz bico três vezes por semana em uma pensão. Sensata, Priscila conseguiu fazer boas compras, mas escapando das aves tradicionais, que, segundo ela, estão com presos abusivos. Ela conseguiu comprar dois frangos inteiros na promoção e gastou R$ 40. Na sua ceia vai ter pastel de carne moída, salpicão, bolinhos de bacalhau (comprou um pacote, congelado) e uma salada com bacalhau graças a uma embalagem de 500g do peixe dessalgado e desfiado que ela pagou R$ 25,98. Para beber, um vinho.
“Os preços estão absurdos. Eu estava pensando em comprar um Chester, mas o mais barato que achei estava 70 reais”, conta ela.
COXA E SOBRECOXA
A mineira Estela Maria, de 50 anos, chegou a Itaguaí quando tinha cinco anos de idade. Hoje mora no bairro Jardim América e está desempregada. Vão comer a ceia a filha, o filho, netos e colegas da filha, cerca de 10 pessoas. Cada um ajuda levando bebidas e doces. Mas tem as comidas. “Sempre pesquiso, porque a diferença de preços entre os mercados é muito grande. Sempre compro o que cabe no meu bolso. Este ano não tenho como comprar certos produtos, então vou comprar um frangão ou talvez coxa e sobrecoxa, ou um pedaço de pernil”.
Ela lembra que existem coisas mais importante do que produtos refinados à mesa: “Precisamos lembrar que o Natal é o nascimento de Cristo. Não vai ter roupa, nem troca de presentes. O mais importante é estar em família com todos bem de saúde, ainda mais nesses tempos de pandemia que estamos vivendo”, disse a mineira.