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Menina baleada no Réveillon é enterrada no Cemitério do Caju

Alice Pamplona tinha cinco anos e era filha única. Menina foi atingida por um tiro no pescoço quando assistia os fogos de artifícios

Alice foi enterrada no Cemitério do Caju
Alice foi enterrada no Cemitério do Caju -
Rio - A esperança por um 2021 de paz no Rio cai por terra quando, no primeiro minuto da virada de ano, mais uma criança morre vítima de tiros. Alice Pamplona da Silva de Souza, de cinco anos, foi enterrada no início da tarde deste sábado. Ela foi atingida no pescoço no primeiro minuto do ano, quando assistia fogos de artifícios no quintal da casa da prima, no Morro do Turano, no Rio Comprido. A mãe da menina passou mal, após sua única filha ser baleada, e precisou ser levada para o hospital e não acompanhou o enterro. 
A prima e madrinha, Mayara de Souza, gravava o foguetório quando Alice gritou e começou a chorar. "No vídeo, deu para ouvir o exato momento que ela tomou o tiro. Ela foi atingida no colo da mãe. Olhei para o corpo, não tinha visto tiro, no primeiro momento", conta Mayara, que reforçou a versão de que não houve confrontos durante o dia. "O morro estava tranquilo, todo mundo feliz".
Alice foi socorrida para o Hospital Casa de Portugal, também no Rio Comprido, mas morreu às 1h10. A menina foi ferida durante a queima de fogos, na virada do ano. A princípio, acreditava-se que o ferimento havia sido provocado por fogos de artifício, mas médicos constataram que a menina foi baleada no pescoço. A equipe psicossocial da Subsecretaria de Estado de Vitimados esteve no enterro e ofereceu atendimento psicológico e social para a família. Segundo a equipe, a pasta segue acompanhando o caso.
O caso foi registrado na 6ª DP (Cidade Nova), mas seguiu para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A Polícia Civil disse que os pais de Alice já foram ouvidos e que "outras testemunhas estão sendo chamadas para prestarem depoimento".
Cultura da arma de fogo
O pastor Antônio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz, questionou a cultura da arma de fogo no país e o uso irresponsável do instrumento.
"Faz sentido a cultura de arma de fogo? Nós brasileiros queremos um país armado, com cada cidadão portando uma pistola? O Rio não produz arma, nem munição. O que governo federal e estadual fazem para impedir a entrada de arma e munição", disse.

"Crianças tem vida interrompido por bala perdida não apenas por operação policial. Em conflitos, confrontos com os bandidos e por meio do uso absolutamente irresponsável de arma de fogo. Inconsequente transformaram arma de fogo em fogos de artifícios. Agora, uma família dilacerada em mais um caso de menina pobre", completou o pastor.
Dados da plataforma Fogo Cruzado mostram que durante o ano passado, 16 crianças foram vítimas de bala perdida na Região Metropolitana do estado. Cinco delas morreram.