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Ativista e criadora da parada LGBT de Madureira morre por complicações da covid-19

Loren Alexandre tinha 62 anos e estava internada há quatro meses em um hospital particular na Barra da Tijuca. "A gente perde uma pessoa maravilhosa", lamenta o amigo David Brazil

Ativista tinha 62 anos e estava hospitalizada havia quatro meses
Ativista tinha 62 anos e estava hospitalizada havia quatro meses -
Rio – Em pleno mês da Visibilidade Trans, morreu na manhã desta quarta-feira, por complicações da covid-19, a ativista do movimento LGBTI+ e travesti Loren Alexandre, de 62 anos. Presidente do Movimento de Gays, Travestis e Transexuais (MGTT), ela foi criadora da Parada LGBT de Madureira. Loren estava internada há quatro meses em um hospital particular na Zona do Rio. O funeral será no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, apenas para a família.
"Ela foi uma grande amiga e uma pessoa mais que especial da minha vida”, lamenta o amigo de longa data David Brazil. "A gente perde uma pessoa maravilhosa, principalmente o publico gay, que ela sempre lutou, brigou. Não só pelo publico gay, mas as comunidades das redondezas, sempre fazendo ações, sempre se empenhando e sempre correndo atrás", completa ele.
David Brazil, que é padrinho da Parada de Madureira, lembra o início da amizade com Loren Alexandre. "Nem tinha internet e ela me procurou para ser padrinho da Parada. Isso tem mais de 15 anos. Eu trabalhava no 'Planeta Xuxa' (extinto programa de TV na Globo) e como promoter do (restaurante) Porcão. Ela disse que eu era muito amado no subúrbio. E que seria uma honra. Eu aceitei. Na época era uma coisa bem pequena e nem tinha trio elétrico. A gente saía em cima de uma Kombi aberta", recorda-se David.
"Ali se criou uma grande amizade. Ela sempre que ia fazer as paradas, me consultava. Ela só fechava a data com a minha agenda. Sempre falava: 'sem você, eu não faço parada, não adianta, você é o meu padrinho oficial, vitalício'", conta Brazil em tom saudoso.
Nélio Georgini, vice-presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-RJ, também expressou a importância da ativista e amiga.
"Loren foi um exemplo no engajamento pelos direitos humanos e uma expoente para comunidade LGBT. Ela trabalhou incansavelmente contra a LGBTfobia e foi uma das pioneiras na militância para pessoas transgêneras. Organizava à Parada LGBT de Madureira, que reunia mais de um milhão de pessoas todos os anos. É uma perda irreparável para todos que buscam uma sociedade igualitária e sem preconceitos" destaca Georgini.
O Grupo Cachoeiras Pela Diversidade emitiu nota de pesar. "Loren lutava pela vida e faleceu por complicações devido a covid-19. Nossos sentimentos a família e amigos Nos colocamos de luto e fortalecemos o compromisso de continuar e apoiar as lutas de nossa companheira vá em paz minha amiga estaremos aqui continuando o trabalho e lutando pela causa sempre", afirma.
Erick Witzel, assessor da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, frisa que Loren deixou um legado que para sempre será lembrado. "Perdemos um ícone de luta e resistência no Rio de Janeiro. Com muito pesar recebi a notícia do falecimento da querida Loren, Madureira não será a mesma. Seu legado fica marcado para sempre na história das conquistas LGBT+", pontua Witzel.