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Sofrimento sem fim

Caso dos três meninos desaparecidos na Baixada expõe uma dura realidade

'É muito difícil e muito triste ficar sem nenhuma notícia, sem saber como a criança está, se está sendo maltratada. É difícil demais. Esses dias têm sido bem complicados para mim e toda a minha família. Não estou conseguindo me alimentar direito por conta disso, nem dormir eu consigo'. Esse é o desabafo de Hana Silva, de 24 anos, mãe do menino Alexandre, de 10, que desapareceu enquanto brincava perto de casa, em 27 de dezembro. Já são 14 dias sem respostas sobre o paradeiro de Alexandre, do seu primo Lucas Matheus, de 8, e do amigo deles, Fernando Henrique, de 11.

O caso das crianças que sumiram na comunidade Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é um dos poucos desaparecimentos de 2020 que ainda não foram solucionados pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). A especializada tem um Setor de Descoberta de Paradeiros (SDP). No ano passado, o núcleo, composto por seis policiais, registrou 810 casos e encontrou 673 desaparecidos, uma taxa de 83,3%.

De acordo com o delegado Uriel Alcântara, titular da DHBF, desde o início das investigações do sumiço de Alexandre, Lucas e Fernando Henrique, a especializada já realizou buscas em mais de 40 lugares, entre cidades da Baixada e bairros do Rio. "Não é comum criança desaparecer. Quando uma criança desapareceu, ela desapareceu mesmo, não saiu para dar uma volta, curtir e retornar uns dias depois", explicou, enfatizando que encontrar as crianças é prioridade.