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Crivella e outros 25 acusados viram réus por integrar organização criminosa

Para Justiça do Rio, mensagens trocadas entre integrantes do grupo deixam explícitas partilhas de propinas e a exigência, junto ao então prefeito, de obtenção de retorno financeiro do investimento que nele havia sido feito no caso conhecido como 'QG da Propina'

Marcelo Crivella e Rafael Alves
Marcelo Crivella e Rafael Alves -
Rio - A 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do Tribunal de Justiça do Rio aceitou, nesta quarta-feira, a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado do Rio contra o ex-prefeito do Município do Rio de Janeiro Marcelo Crivella e outras 25 pessoas acusadas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa, na investigação conhecida como 'QG da propina'.
Na decisão pelo recebimento da denúncia, o juízo da Vara Especializada considerou o conteúdo de delações premiadas; o material apreendido com o sequestro de bens e bloqueio de valores de Marcelo Crivella e dos outros acusados; e as diversas trocas de mensagens, desde o ano de 2016, extraídas de celulares e computadores apreendidos.
Segundo a Justiça do Rio, as mensagens trocadas entre integrantes do grupo deixam explícitas partilhas de propinas e a exigência, junto ao então prefeito, de obtenção de retorno financeiro do investimento que nele havia sido feito. Também foram considerados no processo planilhas, cheques, fotografias e prints de telas de computadores obtidos ao longo das investigações.
As investigações surgiram a partir do acordo de colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso preventivamente no âmbito da Operação “Câmbio, desligo”, deflagrada pela Força-Tarefa da “Lava Jato” no Rio de Janeiro em 2018. Na delação, o doleiro detalhou o funcionamento do suposto esquema criminoso envolvendo membros da prefeitura, empresários, pessoas físicas e jurídicas que funcionavam como “laranjas”.
Segundo Mizrahy, o esquema também contava com operadores que agilizavam pagamentos para empresas específicas e interferiam nos processos de licitação, de forma a beneficiar aqueles empresários que assentiam em pagar propina ao grupo criminoso. O doleiro denunciou Rafael Ferreira Alves como o operador financeiro do esquema e afirmou que parte dos valores recebidos era destinada ao então prefeito Marcelo Crivella, referido por ele pelo codinome “Zero Um”.
Como a delação envolvia Crivella, com direito a foro especial por ocupar o cargo de prefeito à época, o material colhido foi analisado pelo Primeiro Grupo de Câmaras Criminais do TJRJ, responsável pela expedição de mandados de busca e apreensão em desfavor das pessoas citadas pelo doleiro. Entre os citados, o ex-presidente da Riotur, Marcelo Ferreira Alves e seu irmão de Rafael Alves, por exemplo.

Com o fim do mandato de Marcelo Crivella, a desembargadora relatora Rosa Helena Macedo Guita determinou a remessa das investigações à 1ª Vara Criminal Especializada.
Os réus neste caso são os seguintes:
. José Fernando Moraes Alves e Rafael Alves, presos preventivamente;
. Adenor Gonçalves dos Santos, Christiano Borges Stockler Campos, Marcelo Crivella, Mauro Macedo e Eduardo Lopes, em prisão domiciliar;
. Licinio Soares Bastos, Magdiel Unglaub, Marcello Faulhaber, Marcelo Alves, Isaias Zavarise, Rodrigo Santos de Castro, Leonardo Fernandes, Rodrigo Venâncio, Sabrina Van Bavel, Bruno Miguel Soare, Arthur Cesar Menezes Soares, Luiz Roberto de Menezes Soares, Marcus Vinicius de Menezes Soares, Aldano Alves e Bruno Oliveira, aplicadas medidas cautelares diversas da prisão
Crivella chegou a ser preso e afastado do cargo no dia 22 de dezembro do ano passado, antes de finalizar seu mandato como prefeito do Rio. Ele conseguiu transferência para prisão domiciliar no dia seguinte.
Marcelo Crivella e Rafael Alves Reprodução / MP
Ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella Tomaz Silva/Agência Brasil