Mais Lidas

Abertura de novos leitos no Rio pode ficar 'impossível' se vírus seguir tão veloz, diz secretário

Apesar do descompasso com governo federal em entrega de vacinas e abertura de leitos, prefeitura faz força-tarefa para evitar colapso no sistema. Ocupação de leitos de UTI está em 94%

Geral -Secretario Municipal de Saude, Daniel Soranz, recebe a imprensa no Centro Municipal de Saude, Pindaro de Carvalho Rodrigues, na Gavea, zona sul do Rio.
Geral -Secretario Municipal de Saude, Daniel Soranz, recebe a imprensa no Centro Municipal de Saude, Pindaro de Carvalho Rodrigues, na Gavea, zona sul do Rio. -
Rio - Escolhido depois de um cabo de guerra político em Brasília, o cardiologista Marcelo Queiroga deve tomar posse como novo ministro da Saúde na semana que vem, e a mudança na pasta é observada com atenção pelo Rio. Atualmente, há descompassos entre governo e prefeitura por conta da demora na entrega de novas doses e abertura de leitos federais. Enquanto isso, a cidade trabalha para evitar o colapso do sistema. A taxa de ocupação em leitos de UTI no Rio está em 94%. São 1.129 internados e outros 102 aguardando vaga na rede pública.
O principal interesse da prefeitura na mudança do ministério é saber se haverá, agora, a divulgação de um calendário de distribuição de doses para os municípios, a fim de evitar a suspensão da vacinação, como já ocorreu duas vezes na cidade. Sem novos lotes desde a semana passada, o Rio ficou seis dias vacinando apenas idosos com 76 anos e quem deveria receber a segunda dose. O cronograma volta ao normal na quinta-feira, para mulheres com 75 anos (confira a programação ao fim da matéria), graças a 96 mil doses que chegaram nesta quarta-feira do Instituto Butantan, e há outras da FioCruz. Garantia de vacinas, no entanto, só até idosos com 74 anos.
Há outro ponto a ser afinado, este sobre a abertura de leitos na cidade. Os hospitais com maior estrutura são justamente os de administração federal, mas boa parte do sistema tem leitos impedidos. A situação mais grave é no Hospital Federal de Bonsucesso, atingido por um incêndio em outubro.
"A rede federal tem 800 leitos fechados por falta de recursos humanos. Eles têm a melhor estrutura física da rede, mas há um problema de recursos humanos muito intenso. O nosso pedido ao novo ministro da Saúde é que ele possa recompor a força de trabalho desses hospitais e abrir esses leitos disponíveis. São hospitais de excelente qualidade e que podem ajudar muito. Desses 800, eles já se comprometeram a abrir 80, dez já na próxima semana, para contribuir com a melhora na taxa de ocupação na cidade do Rio", comentou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Enquanto isso, o Rio tenta evitar o colapso total, já visto em outras capitais. Nesta semana, 50 leitos particulares foram realocados para a rede pública no Hospital São Francisco da Providência, na Tijuca. Outros 50 estão previstos até o fim da semana. Desde janeiro, foram 353 leitos abertos e pouco mais de 600 profissionais de saúde contratados. Mas ainda é pouco, perto do avanço do vírus: a secretaria de Saúde alerta que "pode ser que seja impossível" abrir novos leitos se a velocidade do vírus se mantiver em patamares altos.
"O Rio já abriu 353 novos leitos para Covid-19. São bastante leitos abertos, e a gente pede que a população colabore. Pode ser que seja impossível que a gente continue abrindo leitos se a disseminação do vírus se mostrar tão veloz. Outros estados estão com disseminação rápida da doença. Se a gente não se cuidar, podemos chegar em um momento parecido", alertou Soranz.
Os leitos abertos desde janeiro foram nos seguintes hospitais: Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari (150); Municipal Souza Aguiar (30); Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão (30); Municipal Salgado Filho, no Méier (10); Municipal da Piedade (10); CER Evandro Freire, na Ilha do Governador (58); UTIs no CER Leblon (15); São Francisco da Providência, na Tijuca (50).
Rio pode endurecer medidas restritivas nas próximas semanas
Atualmente, a tentativa da prefeitura é fazer um escalonamento de horários de entrada e saída de trabalho, mas adesão tem sido baixa por parte da população. A reportagem do DIA percorreu a Zona Sul nesta quarta-feira, e boa parte dos comércios estavam abertos antes das 10h30, horário indicado no decreto. A secretaria municipal de Saúde admite aumentar o rigor sobre as restrições de circulação na cidade, diante do aumento de internações e procuras por emergência.
"O COE COVID deve avaliar isso. Esse comitê gestor vai definir quais são as medidas que de fato podem aumentar, as evidências científicas. Estamos avaliando todos os números, indicadores envolvidos, disseminação de casos e ocupação de leitos. Nossa preocupação é tomar a atitude correta. Pode ser que seja necessário aumentar (o rigor)", disse Soranz.
Calendário de vacinação do Rio:
Quinta-feira (18): mulheres com 75 anos. Sexta-feira (19): homens com 75 anos. Sábado (20): repescagem para 75 anos ou mais (casais de 75 anos que preferirem se vacinar acompanhados podem escolher o sábado)
Geral -Secretario Municipal de Saude, Daniel Soranz, recebe a imprensa no Centro Municipal de Saude, Pindaro de Carvalho Rodrigues, na Gavea, zona sul do Rio. Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Movimentação em hospitais para atendimentos não Covid. Na foto, o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Movimentação em hospitais para atendimentos não Covid. Na foto, o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Movimentação em hospitais para atendimentos não Covid. Na foto, o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Na foto, o Hospital Pedro Segundo, em Santa Cruz. Estefan Radovicz / Agencia O Dia