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Morte de policial em Realengo pode ter sido queima de arquivo

Coordenador do Gaeco, promotor Bruno Gangoni, diz que assassinado às vésperas da Operação Gárgula é desconfiável. PM assassinado era um dos alvos e estava com mandado de prisão expedido

Crime ocorreu na Rua Corumbé, em Realengo na Zona Oeste do Rio
Crime ocorreu na Rua Corumbé, em Realengo na Zona Oeste do Rio -
Rio - A morte do 2º sargento da Polícia Militar Luiz Carlos Felipe Martins, no último sábado (20), pode ter ocorrido por queima de arquivo. Para o promotor Bruno Gangoni, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio, tudo leva a crer que a execução tenha sido planejada. 
"A característica na execução parece ser queima de arquivo. Não tem como afirmar, mas às véspera de uma operação como esse vai e acontece uma coisa assim, é desconfiável. Tudo leva a crer que pode sim, ter sido uma queima de arquivo", comentou. 
Um policial militar, que estava há mais de 20 anos na corporação, era um dos alvos da Operação Gárgula, realizada nesta segunda-feira (22), para prender um grupo ligado ao miliciano e ex-capitão do Bope Adriano da Nobrega, morto em fevereiro do ano passado na Bahia.
Segundo o MP, o bando que agora é liderado pela viúva do ex-policial é responsável pela lavagem do dinheiro de Adriano da Nóbrega. Julia Emilia Mello Lotufo aparece no documentos do Ministério Público como a responsável pelas finanças do marido. Ela e Daniel Haddad Bittencourt Fernandes Leal, um dos laranjas do miliciano, ainda estão foragidos. 
Já o PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego, foi preso durante a operação. Ele é citado nas investigações como laranja de Adriano. Para o MP, o policial atua a frente das empresas fantasma que emprestam dinheiro com juros abusivos. Umas dessas empresas é a Cred Tech Negócios Financeiros LTDA, na qual Rodrigo é sócio. 
AMIZADE E CRIMES
Adriano da Nobrega e Luiz Carlos Felipe Martins atuaram juntos no Grupamento de Ações Táticas do 16º BPM (Olaria). A equipe em que trabalhavam ficou conhecida como a 'guarnição do mal'. Os dois amigos foram presos em 2004 pela morte de um guardador de carros que teria denunciado a atuação da malícia de Adriano no dia anterior. 
Em 2005, o ex-capitão e o amigo foram homenageados na Alerj pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Mesmo presos pela acusação de homicídio, Nóbrega e Martins receberam a mais alta honraria da casa legislativa, a Medalha Tiradentes
Apontado como chefe da milícia na Muzema e Rio das Pedras, Adriano da Nóbrega foi morto pela polícia em fevereiro do ano passado, escondido no sítio de um vereador do PSL na Bahia. Ele também é acusado de comandar um grupo de extermínio que ficou conhecido como 'Escritório do Crime', que recebia dinheiro para matar. 
Já o 2º sargento Luiz Carlos Felipe Martins foi morto um ano depois do amigo. Martins conversava com outro policial militar na porta de casa, em Realengo, quando homens armados pararam um carro e efetuaram vários disparos contra ele.
Crime ocorreu na Rua Corumbé, em Realengo na Zona Oeste do Rio Divulgação
Promotor Bruno Gangoni, do Gaeco, do Ministério Público do Rio Janeiro Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Adriano da Nóbrega é apontado como o chefe do Escritório do Crime Reprodução