Hoje, o Flamengo completa 26 meses do dia mais triste de sua história. O incêndio no Ninho do Urubu, que matou dez jovens da base — Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza Viana, Samuel Thomas e Vitor Isaías —, ainda marca quem viveu de perto a tragédia. É o caso da auxiliar de serviços gerais Daniele da Silva. Primeira testemunha do incêndio, ela foi demitida no último dia 24 após cinco anos de clube.
Em entrevista ao MEIA HORA, Daniele deu detalhes das cenas de terror que viu. "Não usei extintores. Porém, vi que apenas um funcionou, do total de cinco. Depois de um tempo, avistei uns atletas na porta do contêiner e uma fumaça preta com clarão saindo pelo teto. Saí correndo para a portaria, onde havia passado alguns instantes antes, e chamei o segurança. Ele veio correndo para ajudar. Quando chegamos em frente ao contêiner, o fogo já estava intenso. Foi muito rápido. Fiquei parada vendo aquilo tudo na esperança de não ter mais ninguém lá dentro. Mas logo saiu um menino e disse: 'tia, tá cheio de gente lá dentro'. Eu pirei na hora. O fogo já tinha tomado conta da única porta de entrada do contêiner", relembrou Daniele.
Ao 'Fantástico', da TV Globo, no último dia 21, Benedito Ferreira, o segurança citado por Daniele, também já havia alertado que alguns extintores não funcionaram naquele dia. Em seus depoimentos à Justiça, eles não falaram sobre a falha, mas garantem não terem sido questionados. "No início, usei um extintor. Um garoto tentou utilizar o segundo, não funcionou. Me passou, não funcionou. Teve um terceiro, que não funcionou", afirmou Ferreira.