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Dr. Jairinho teria tentado constranger testemunhas e até foto de ex-namorada nua foi divulgada

Estratégia supostamente também teria tentado desmerecer pai do menino Henry. Juíza atesta que advogado combinou versões e diz que Monique, mãe de Henry, ‘omite ou falta com a verdade’ em decisão

Jairinho e Monique em entrevista ao Domingo Espetacular
Jairinho e Monique em entrevista ao Domingo Espetacular -
Rio - Acusado de envolvimento na morte do enteado, Henry Borel, de 4 anos, o vereador Dr.Jairinho teria tentado constranger e desmerecer testemunhas do processo. Uma das ex-namoradas do parlamentar teve fotos íntimas divulgadas supostamente pela defesa de Jairinho. Ela prestou depoimento afirmando que a filha também já teria sido agredida por ele. As informações são do programa RJTV 2, da TV Globo.

A reportagem do RJTV 2, da TV Globo, divulgou trechos do processo que envolve a morte de Henry e afirmou que a defesa do Dr. Jairinho mostrou fotos da ex-namorada.

O DIA tentou localizar a defesa do vereador para se manifestar a respeito, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto para manifestação.

Em uma das imagens divulgadas, a mulher aparece nua, com a legenda: “Sou de Bangu e o vereador Jairinho botou peito em mim”. No depoimento, ela teria afirmado que foi o então companheiro que pagou pelo procedimento de aplicação de silicone.

A defesa do vereador também teria tentado divulgar vídeos de funcionários que desqualificam a mulher, conforme a reportagem.

“(A ex-namorada) disse para muitas pessoas que estava com ele por causa do dinheiro, isso a gente já sabe. Agora, não entendo, há mais de oito anos isso, a pessoa vir a público dizer uma coisa dessa... Agora disse que tinha medo dele?, disse um dos funcionários sobre a antiga companheira.

Durante o processo, enquanto o pai de Henry pedia explicações sobre o caso, o advogado de defesa do vereador supostamente chegou a dizer que as testemunhas foram plantadas por ele. “Ele não consegue aceitar que o casamento chegou ao fim, as apurações aqui são sérias”, disse o advogado André França Barreto, sobre Leniel.

Dr.Jairinho e a mãe de Henry, a professora Monique Medeiros, foram presos temporariamente . O vereador está em um presídio no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, e Monique foi levada para uma unidade prisional em Niterói.

Juíza diz que Monique Medeiros, mãe de Henry, omitiu ou faltou com a verdade

A Juíza Elizabeth Machado, do 2° Tribunal do Júri, criticou, na decisão que levou à prisão temporária de Jairinho e Monique, a atuação do advogado André França Barreto. Em uma parte da sentença Machado também menciona que a mãe de Henry “omitiu ou falta com a verdade” sobre o caso.

Segundo a magistrada, o defensor participou de todos os depoimentos prestados à polícia por testemunhas que não eram defendidas por ele, como a babá de Henry Borel, Thainá de Oliveira; ou da doméstica Leila Rosângela, a Rose.

"De se notar, ainda o insólito procedimento de ter o patrono dos investigados presenciado todos os depoimentos prestados pelas mesmas testemunhas a eles ligadas... o que está a indicar a aparente intenção de controlar e fiscalizar o que por elas era dito à autoridade policial."

Em depoimentos à polícia, tanto Thaina como Rose admitem que, em 18 de março, foram levadas até o escritório do advogado. Quem cuidou dessa ação foi Thalita, irmã de Jairinho.

No escritório, Thaina disse que o advogado fez algumas perguntas e orientou, segundo ela, a apenas dizer a verdade quando intimada a depor, perguntando se ela estaria disposta a dar uma entrevista, o que foi aceito por ela.

Na decisão, a magistrada estranha a conduta de Monique Medeiros. A juíza destaca que, a professora segue tomando o que ela considera "atitudes atípicas", passado quase um mês do crime.

"Atitudes típicas de quem omite ou falta com a verdade, colaborando e aderindo à conduta de seu parceiro de influenciar testemunhas, inobstante devesse ser a principal interessada em chegar à verdade dos fatos."

Essa postura, segundo a magistrada, pode apontar dificuldades para a obtenção para a coleta de provas e podendo, segundo a juíza, comprometer as investigações.

Em nota divulgada para o portal G1, a defesa se manifestou reforçando a atuação ética, pautada no profissionalismo e na técnica.

Confira na íntegra a nota divulgada pela defesa:

"Desde que constituída, esta Defesa Técnica sempre pautou a sua atuação sob a égide da ética, da técnica e do profissionalismo.

A fim de conceder ampla transparência à inocência reiteradamente afirmada por seus clientes, estes advogados envidaram, de acordo com o Provimento 188/2018, do Conselho Federal da OAB, uma investigação defensiva, promovendo, de maneira pública e ostensiva, uma convocação de pessoas que, a partir de então, apresentaram os seus relatos, bem como vídeos, fotos e documentos, acerca da relação da Monique, do Henry e do Jairinho.

Tudo devidamente encaminhado à Autoridade Policial, em mais de duas dezenas de petições. Dentre essas pessoas, apresentaram-se a empregada doméstica, Leila
Rosângela, e a babá, Thayná.

Inclusive, tendo em vista que não havia sequer notícia de intimação para prestarem depoimento em sede policial, foram convidadas a registrar, em vídeo, as suas manifestações, conforme anexo.
Ressalta-se, ainda, de acordo com os termos das declarações posteriormente aduzidas à Autoridade Policial, que igualmente seguem anexados, ambas prestaram depoimento desacompanhadas de advogado, inclusive destes patronos, por aproximadamente seis horas cada.

Somente após a oitiva da empregada doméstica, Sra. Leila Rosângela, a Autoridade Policial concedeu o acesso aos patronos deste escritório, para acompanharem a redução a termo do que foi dito, oportunidade na qual restou consignada documentalmente a presença.

Por fim, este escritório ressalta o seu compromisso com a CRFB, com o devido processo legal, e com o Código de Ética da OAB, reafirmando a sua posição inabalável de emissor das versões, motivos e explicações emitidas pelos seus clientes."