Rio - Piscina, equipamentos eletrônicos de última geração, móveis e eletrodomésticos modernos e caros. Além disto, uma vista panorâmica privilegiada. A descrição poderia ser de um imóvel em bairros de alto padrão no Rio, mas não é. Foi desta forma, esbanjando o dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas, que o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, de 34 anos, decidiu viver dentro de Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio.
Segundo investigações da polícia, Peixão é responsável por construir, durante a pandemia da Covid-19, o o conjunto de favelas, em Parada de Lucas, denominado Complexo de Israel. Ao todo, cinco comunidades compõe o novo complexo: Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-pau. Cerca de 134 mil pessoas moram na região. Além disso, segundo a polícia, o tráfico se aliou à milícia para expandir seus negócios.
O território controlado por Peixão ficou conhecido depois que o criminoso passou a exibir símbolos do Estado de Israel, como a Estrela de Davi, em pontos das comunidades para demarcar o seu domínio.
Nesta quinta-feira (15), durante operação da Delegacia de Combate as Drogas (DCOD), que contou com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e outras delegacias especializadas, os agentes localizaram o imóvel no alto da comunidade.
Segundo a polícia, um homem foragido da justiça, respondendo por tráfico e associação para o tráfico de drogas acabou preso.
Os policiais também localizaram um homem ligado ao PCC de São Paulo. André Pereira de Souza Gomes, segundo investigações da polícia, é quem fornecia drogas e armas para os narcomilicianos do Complexo de Israel.
Houve apreensão de drogas e munições.
INÍCIO DA EXPANSÃO
De acordo com a polícia, a facção que Peixão pertence iniciou sua jornada de expansão em 2007, quando saiu de Parada de Lucas para expandir território em Vigário Geral, comunidade vizinha. Quase dez anos, depois, o bando decidiu cruzar a Avenida Brasil e iniciar uma verdadeira guerra na Cidade Alta. Por cerca de um ano, a população sofreu com os intensos confrontos.
Em 2017, após a quadrilha de Peixão se instalar na Cidade Alta, depois de uma noite de confronto, a polícia realizou uma operação e prendeu 45 suspeitos e apreendeu 32 fuzis. Na ocasião, o criminoso orquestrou um ataque e incendiou nove ônibus e dois caminhões na Avenida Brasil, na Rodovia Washington Luiz e na Linha Vermelha.
Desde então, vem expandido seu território, avançando para Brás de Pina e comunidades ligadas à milícia.