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'Fui a melhor mãe', diz Monique Medeiros em carta para os advogados

A professora, mãe de Henry Borel, revela que foi manipulada pelo namorado, Dr. Jairinho. O casal segue preso pela morte da criança

O menino Henry Borel e a mãe, a professora Monique Medeiros: desfecho trágico para um caso que revolta e mobiliza a opinião pública
O menino Henry Borel e a mãe, a professora Monique Medeiros: desfecho trágico para um caso que revolta e mobiliza a opinião pública -
Rio - Em uma carta enviada à nova defesa, a professora Monique Medeiros, namorada do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, diz que mentiu em seu depoimento à polícia por ter sido manipulada dentro de um relacionamento que não conseguia se desprender. Ela revela que durante o tempo em que manteve seu relacionamento com o parlamentar, foi agredida em alguns episódios. O casal está preso pela morte do filho dela, o menino Henry Borel, de 8 anos. 
A professora inicia a carta afirmando que foi "a melhor mãe que o filho poderia ter tido" e que "nunca acobertou maldade ou crueldade de Jairinho, em relação ao filho Henry". A carta foi revelada pelo Fantástico no domingo. 
"Eu não sabia, mas estava sendo manipulada durante todo o tempo em um relacionamento que me oprimia e não sabia como sair".
Ela revela que na madrugada da morte do filho, foi Jairinho quem o viu no quarto primeiro. Monique diz que foi acordada pelo namorado contando que o filho não estava bem. A professora escreveu aos advogados, que horas antes de socorrer o filho, foi medicada pelo companheiro e que esses remédios seriam para dormir.  Em seu depoimento, Monique diz que acordou depois de ouvir um barulho no quarto e, ao chegar no quarto, encontrou o filho no chão. 
Em um trecho da carta, Monique diz que apenas três pessoas que eram próximas a ela sabiam quem era o verdadeiro Jairinho, uma amiga, a irmã da amiga e uma psicóloga. 
Como professora e diretora de uma escola municipal em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, Monique diz que cuidou de mais de 400 crianças e que sempre denunciou os mal tratos vividos por algumas. "Minha vocação sempre foi cuidar de crianças e de pessoas". 
Monique revela que conheceu Jairinho em um momento de fragilidade pessoal, no período de separação do ex-marido Leniel Borel, pai de Henry. 
Depois de começar o namoro com o político, passou a perceber mudanças de atitude e comportamento. Ela diz que o vereador passou a perseguir os seus passos e até mesmo colocando pessoas para acompanhar seus momentos dentro de uma academia de ginástica. 
"Eu tentava a todo custo me afastar dele e me desvincular, mas fui diversas vezes ameaçadas", diz a professora. 
AGRESSÃO
Em dezembro do ano passado, Monique diz que após uma reunião com um grupo de vereadores, Jairinho invadiu sua casa em Bangu e a enforcou depois que ela não atendeu suas ligações. Tudo isso, segundo ela, aconteceu durante a madrugada. 
"lembro de ser acordada no meio da madrugada, sendo enforcada enquanto dormia ao lado do meu filho (...) No dia seguinte me pediu desculpas".
Em janeiro, já morando com Jairinho na Barra da Tijuca, Monique diz que o filho Henry entrou na cozinha chorando e dizendo que o tio havia dado uma "banda" e uma "moca". Ela disse que foi conversar com o namorado, mas ele acabou chamando o filho de "bobalhão" e que tudo não passava de uma brincadeira infantil.
DEFESA 
Os novos advogados que defendem a professora querem que ela preste um novo depoimento. Eles afirmam que Monique era mais uma vítima de Jairinho e, por estar sempre acompanhada de alguém indicado por ele, nunca conseguiu contara verdade. 
POLÍLIA E MPRJ
Para a Polícia Civil e para o Ministério Público do Rio, há indício suficiente para que Monique e Jairinho sejam indiciados peloa morto de Henry Borel. 
Segundo o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia do Rio, os investigadores não encontraram "indício de que Monique era ameaçada pelo namorado". 
O casal é suspeito da morte do menino. Jairinho pode responder por homicídio e tortura. Para a polícia, Monique foi conivente com as atitudes do namorado com o filho, já que tinha a obrigação de denunciar o caso.