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Motoristas precisam ralar mais

Aumento no preço do GNV faz profissionais de aplicativo ficarem mais horas ao volante

Para encher um cilindro de 16m³ por dia, o piloto terá que rodar mais horas
Para encher um cilindro de 16m³ por dia, o piloto terá que rodar mais horas -

Fechar as contas no fim do mês não será tarefa fácil para os motoristas de aplicativo. O que já estava ruim durante a pandemia ficou ainda pior com o aumento de aproximadamente 25% no valor do GNV (gás natural veicular) nos postos de combustível. Restaram aos profissionais, portanto, apenas duas opções: perder dinheiro ou trabalhar mais.

Antes do mês de maio, os postos cobravam cerca de R$ 3,00 para cada metro cúbico de GNV, combustível mais utilizado entre os motoristas. Agora, o valor fica em torno de R$ 4,00. Para um trabalhador que utiliza um cilindro de 16m³ e trabalhe 30 dias no mês por exemplo, pode representar um gasto extra de R$ 480. A solução para muitos tem sido ficar mais horas ao volante, caso de Alex Oliveira, de 47 anos.

"Eu trabalhava, em média, de oito a nove horas por dia para fazer a minha meta. Hoje, chego a ficar 12 horas na rua e tem dias que não consigo fazer", conta Alex, que tem o transporte por aplicativo como sua única fonte de renda. Por mês, essa diferença por ser equivalente a quase dois dias e meio (60 horas) a mais de trabalho.

Já para Gilberto da Hora, de 57 anos, a renda que obtém pelo aplicativo deixou de ser suficiente.

"Se eu dependesse apenas do aplicativo para pagar meu aluguel, ia passar dificuldade. Se tivesse aumentado também a taxa do aplicativo, era outra coisa, mas temos que trabalhar muito mais para chegar na meta", analisa Gilberto.

Principais empresas do segmento despistam sobre aumento da tarifa

Uma das soluções mais viáveis para os motoristas, o aumento das tarifas não é visto com bons olhos pelas principais empresas do segmento. Em contato com o Meia Hora, tanto Uber quanto 99, principais aplicativos de transporte do país, despistaram sobre o assunto. 

A 99 diz que "está aberta ao diálogo e prioriza a melhoria contínua dos ganhos dos motoristas parceiros", mas esclarece que "busca o equilíbrio entre a oferta e a demanda para viabilizar o transporte das pessoas que precisam sair de casa neste momento".

Já a Uber destacou que "o preço dos combustíveis foge ao nosso controle, mas entendemos a insatisfação e trabalhamos para ajudar os parceiros a reduzir gastos fixos". 

Ambas destacaram, por sua vez, uma série de vantagens oferecidas aos motoristas, como descontos em postos de combustível e medicamentos e parcerias com outras empresas.

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