Batalha pela liberdade

Familiares do estoquista Tiago Marques de Oliveira, 28 anos, ferido por estilhaços durante confronto entre policiais da UPP Salgueiro e traficantes, afirmam que ele foi preso injustamente. Tiago tem um filho de quatro anos e trabalha num colégio particular da Barra da Tijuca. A Comissão de Direitos Humanos da Alerj e a Defensoria Pública estão acompanhando a família. Em audiência de custódia ontem, o Tribunal de Justiça negou o pedido de liberdade.

Segundo o tio do estoquista, Leonardo de Oliveira Leite, também ferido por estilhaços no confronto no sábado, Tiago mora em Madureira e foi ao Morro do Salgueiro buscar uma cesta básica com outro tio. No caminho, ele foi convidado para ir num bar da família encontrar parentes que não via há tempos. O encontro foi interrompido pelo tiroteio.

"Ele não frequentava lá há dois anos, desde a última vez que foi visitar a gente", contou o tio, que é morador do Salgueiro há 40 anos e afirmou que o jovem alimenta o sonho de se tornar policial civil.

No confronto, uma prima de Tiago, de 14 anos, foi baleada na perna quando tentava se proteger dos tiros no bar. Ao ver que a prima estava ferida, Tiago tentou ajudá-la usando o seu casaco para estancar o sangue. O tio Leonardo pediu ajuda a uma equipe da PM para socorrer a menina. Segundo Leonardo, um dos policiais teria dito que era para "ele se virar com o socorro da jovem".

Após muita insistência dos familiares, os militares socorreram a menina e Tiago a acompanhou até o Hospital Federal do Andaraí. Após ser medicado, ele foi para a 19ª DP (Tijuca), por orientação dos PMs, para depor. Lá recebeu voz de prisão. O delegado Gabriel Ferrando disse que o rapaz foi preso porque os PMs da UPP Salgueiro o apontaram como participante do tiroteio e ainda apresentaram armas supostamente usadas por ele.