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Justiça nega pedido da Igreja Universal para que Glaidson apresente comprovantes de doações de mais de R$ 72 milhões

IURD queria produzir provas antecipadas por temer ser envolvida ou investigada pelos crimes praticados no esquema de pirâmide financeira em Cabo Frio

Segundndo Igreja Universal, Glaidson afirmou que passava por uma fase de grande prosperidade econômica com atividades desenvolvidas nas áreas de tecnologia e produção de softwares
Segundndo Igreja Universal, Glaidson afirmou que passava por uma fase de grande prosperidade econômica com atividades desenvolvidas nas áreas de tecnologia e produção de softwares -
Rio - A Justiça negou no último domingo (12) um pedido de liminar, ou seja, medida provisória e em caráter de urgência, para que Glaidson Acácio dos Santos e sua empresa G.A.S. Consultoria e Tecnologia Ltda apresentassem, antecipadamente, comprovantes das transferências e depósitos feitos à IURD que totalizam R$ 72,3 milhões em doações entre maio de 2020 e julho de 2021. A Igreja queria antecipar a produção de provas para se defender de eventuais investigações no caso por ter recebido as doações de Glaidson, que é ex-pastor da Universal.
Glaidson está preso acusado de comandar uma pirâmide financeira bilionária de investimentos em criptomoedas.
A juíza Luciana Cesario de Mello Novais, da 1ª Vara Cível da comarca de Cabo Frio, negou o pedido e justificou não ser necessária a antecipação da produção de provas por parte da Igreja Universal. A magistrada afirmou que o processo pode seguir seu curso normal.
"Não constam nos autos elementos que evidenciem o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Da Inicial, infere-se o receio da parte autora em ser indiciada por crimes que, porventura, tenham sido praticados pelos réus; e, ainda, em ser instada a prestar esclarecimentos ao COAF e demais autoridades monetárias, fatos que ainda não ocorreram. Assim, não vislumbro perigo de dano, a justificar a concessão de liminar sem a prévia oitiva dos réus. Não há que se falar em risco ao resultado útil do processo, tendo em vista que a documentação pretendida poderá ser apresentada à parte autora, a qualquer tempo. Ante o exposto, indefiro (nego) o pleito liminar", decidiu a juíza.
Além da identificação das contas bancárias que originaram as doações milionárias, a instituição religiosa pedia documentos fiscais que demonstrem a origem lícita dos valores doados; e documentos contábeis da G.A.S, aptos a comprovar o devido registro das doações realizadas.
A partir de maio de 2020, ocorreu expressivo aumento no volume de doações recebidas no templo de Cabo Frio. Os valores doados chamaram atenção. Nos últimos 14 meses, houve a transferência de R$ 12,81 milhões realizada por Glaidson, fiel da Igreja, e R$ 59,49 milhões pela G.A.S., totalizando R$ 72,35 milhões, entre maio de 2020 e julho de 2021, quantia que foi depositada de maneira aleatória, parcelada e sem comunicação prévia, segundo a IURD.
Na ação, a Igreja Universal afirma que a liderança local do templo indagou Glaidson sobre as doações e o investidor preso afirmou que passava por uma fase de grande prosperidade econômica com atividades desenvolvidas nas áreas de tecnologia e produção de softwares. Posteriormente, procurado pelo bispo líder da igreja, Bispo Jadson, o qual procurava maiores esclarecimentos sobre a real motivação das doações diante da exorbitância dos valores, Glaidson desligou-se da igreja sem explicação.
A IURD alega que passou a buscar informações a partir de dados públicos e constatou que a sede da G.A.S é localizada no mesmo endereço da NS psicologia, investigada em inquérito policial. A Igreja também afirma que Glaidson fez doações em bitcoins, por mecanismos que se aproximam das chamadas pirâmides financeiras.
A Igreja Universal alega ter receio de acabar sendo envolvida, investigada ou acionada por crimes que não praticou pelo simples fato de ter recebido as doações. Por isso, solicitou à Justiça que Glaidson e sua empresa comprovem a origem ou lastro dos valores depositados em doações. A documentação era solicitada para que a igreja preste esclarecimentos às autoridades monetárias.