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Bar Luiz quer reabrir para comemorar 135 anos com muito chope e salão cheio

Proprietária do icônico restaurante trabalha para celebrar aniversário do restaurante em janeiro

Garçom Paulo Sério, do Bar Luiz, na Rua da Carioca
Garçom Paulo Sério, do Bar Luiz, na Rua da Carioca -
Rio - O Bar Luiz se prepara para reabrir e comemorar com muito chope e salão cheio seus 135 anos em janeiro de 2022. A joia da Rua da Carioca, que se manteve após uma onda de apoio contra o anunciado fechamento em 2019, quer se juntar à retomada da boemia do Rio de Janeiro. As noites cariocas já recebem a volta de dois gigantes: o Amarelinho, na Cinelândia, no dia 20, e o BipBip, em Copacabana, que reabre nesta sexta-feira (12).
Fechado desde março deste ano, a proprietária Rosana Santos conta que trabalha para abrir as portas do número 39 da Rua da Carioca o mais brevemente possível. "O Bar Luiz não é uma marca qualquer. Então queremos reabrir com qualidade para completar 135 anos com o que o cliente já conhece: muito chope e pratos tradicionais", explica. Nas redes sociais do centenário restaurante, os clientes reclamam da saudade da salada de batata. "A torcida é forte. Isso nos dá muita motivação", agradece Rosana.
O otimismo da reestruturação do bar vem na esteira de projetos de revitalização do Centro. O entorno da Rua da Carioca abandonado, afugentava clientes. "Todos estamos trabalhando visando o convite às pessoas visitarem o Centro. A Prefeitura está dando apoio incondicional", elogia. A dona do Bar Luiz ressalta que desde o mês passado a rua está bem iluminada, com árvores podadas.
Apesar dos ajustes na infraestrutura, equipe do DIA esteve no local na quarta-feira (10) e encontrou o comércio fechado, com pessoas em situação de rua e pouca circulação de pedestres. 
O Bar Luiz chegou a anunciar o fechamento em setembro de 2019. Mas uma onda de apoio com longas filas de clientes manteve o restaurante aberto. Em março, veio a pandemia da covid-19 e o bar sofreu um novo baque. Rosana espera que em janeiro de 2022 o movimento se estabilize. "Esperamos que a retomada aumente o fluxo de pessoas no Centro, tenha um pico em janeiro e se estabilize", conta.

A empresária planeja retomar parcerias com teatros e impulsionar a visita de clientes com eventos na região.
Bar surgiu no Império e foi alvo do movimento estudantil 
Fundado em 3 de janeiro de 1887, quando Dom Pedro II era o Imperador do Brasil e o Rio, a capital do Império, o Bar Luiz ajudou a popularizar a venda da cerveja pela serpentina: o chope. Já durante a "Belle Epóque" do período republicano, o bar atraia à noite clientes vindos dos teatros próximos à Rua da Carioca: atores, vedetes e profissionais da arte e espectadores dos cinemas da Cinelândia.
O botequim alemão, que chamava-se Bar Adolph veio a mudar o nome para Bar Luiz, com o advento da Segunda Guerra Mundial e os movimentos nacionalistas e antifascistas no Brasil. Sob estas circunstâncias, estudantes do Colégio Pedro II em campanha contra os regimes fascistas da Europa invadiram o Bar com o intuito de destruí-lo, associando seu nome ao ditador alemão Adolf Hitler.
A casa foi salva pelo compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, que lá tomava um chope no bar. Desfeito o mal entendido, os estudantes se retiraram para apedrejar outro estabelecimento nas redondezas. O marcante episódio resultou na naturalização de Ludwig Vöit, que passou a denominar-se Luiz, e na alteração do nome da casa para "Bar Luiz".