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Rio passa a ter fiscalização automática de 294 linhas de ônibus do município

Ferramenta da Secretaria Municipal de Transportes cria multas automáticas para as viações que circularem com a frota abaixo do mínimo. Cerca de 1 mil infrações já foram geradas desde outubro

Ponto final da linha 457, na Abolição, Zona Norte do Rio
Ponto final da linha 457, na Abolição, Zona Norte do Rio -
Rio - A Secretaria Municipal de Transportes passa a fiscalizar por GPS, a partir desta terça-feira (16), 294 linhas de ônibus do município do Rio, o que representa 80% de todo o sistema. A ferramenta de monitoramento em tempo real identifica as viações que circulam com a frota de veículos abaixo do mínimo e gera multas automáticas. O sistema já valia para 97 linhas desde outubro, mas foi ampliado.
A pasta responsável pelo controle dos transportes da cidade afirma que o monitoramento ainda não foi estendido para todas as linhas porque 20% delas "estão sendo reavaliadas em função de dados de demanda por hora enviados pela primeira vez pelos consórcios", que apontam a possibilidade de revisão de frota. A expectativa é que todas as linhas regulares sejam fiscalizadas automaticamente a partir de 2022.
Desde a implantação da ferramenta, 1 mil infrações já foram geradas por descumprimento da frota, uma média de 58,8 por dia. O consórcio Santa Cruz, responsável por linhas na Zona Oeste, é o campeão disparado de multas, com 643 recebidas entre os dias 19 de outubro e 12 de novembro. O Trancarioca tem 173 multas; o Internorte, 160; e o Intersul, 24.
Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, o objetivo do monitoramento é fazer com que os consórcios operem nas ruas com a quantidade devida de ônibus. Dados da própria prefeitura apontam que a frota operante na cidade é de apenas 31% do total determinado - 2.017 ônibus estão nas ruas, longe dos 6.477 veículos firmados em acordo.
A secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio, já observou evolução na quantidade de ônibus nas ruas desde o início da ferramenta. "Temos percebido melhora em algumas linhas, com reforço de frota. Os consórcios ainda estão em fase de adequação ao novo sistema de fiscalização, mas já há uma preocupação por parte das empresas de operarem de acordo com a frota determinada pela prefeitura", afirmou.
Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus, afirma que a o setor vive uma crise financeira, e a solução para a melhora do transporte é o aporte de de dinheiro na infraestrutura dos ônibus. "A prefeitura tem ciência do problema, soluções para apresentar, mas tudo o que ela vem falando demora 18, 24 meses para acontecer. O passageiro quer solução para hoje", afirma Valente.
"É preciso que a prefeitura faça para o restante das linhas de ônibus o mesmo que fez no BRT: aportar recursos para pagar a folha de pagamento, custear o combustível - que já aumentou 63,5% só este ano -, para garantir a prestação de serviço, até que essas ações mais efetivas sejam implementadas. O setor passa uma crise sem precedentes", defende o porta-voz. Segundo ele, praticamente 90% das empresas estão em reuperação judicial.
Cinco linhas estão no topo das mais multadas
Entre as 97 linhas monitoradas desde o dia 19 de outubro, cinco dividem o topo do ranking negativo das mais multadas, com 34 infrações cada uma. Destas, quatro são do consórcio Santa Cruz: 840 (Campo Grande x São Fernando), 864 (Bangu x Campo Grande), 897 (Paciência x Pingo D'Água) e 918 (Bangu x Irajá). A Transcarioca tem a 315 (Recreio x Central) na lista.
As cinco linhas de ônibus foram multadas todos os dias, duas vezes, desde outubro. As infrações só são geradas em dias úteis, que é quando a frota deve ser respeitada no seu limite mínimo. Nos fins de semana, é comum que haja a diminuição da circulação de ônibus nas ruas. A secretaria planeja estender a fiscalização automática também para os finais de semana e feriados.
Ponto final da linha 457, na Abolição, Zona Norte do Rio Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Ponto final da linha 607, em Cascadura, Zona Norte do Rio Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia