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'Só quero justiça', afirma mãe de morador morto

Corpo do pintor Fabrício foi enterrado sob forte comoção

O velório de Fabrício Alves de Souza ocorreu no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio
O velório de Fabrício Alves de Souza ocorreu no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio -

Em uma triste cerimônia e aos gritos de justiça, familiares e amigos do auxiliar de Fabrício Alves de Souza, de 26 anos, se despediram do auxiliar de serviços gerais que foi morto durante uma ação da Polícia Militar, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte, na terça-feira. O jovem foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério de Inhaúma.

Debruçada sobre o caixão, a dona de casa Edna da Silva Alves dizia o quanto amava Fabrício. Durante o velório, a mãe da vítima falou que seu filho foi brutalmente assassinado enquanto saia para trabalhar.

"Meu filho foi brutalmente assassinado, saindo para trabalhar às 5h14. Foi abordado por policiais, falou que era morador e ainda assim foi assassinado", desabafou.

Souza passava pela comunidade da Quitanda para ir trabalhar, quando foi abordado por PMs do 41º BPM (Irajá). Testemunhas afirmam que o rapaz levantou as duas mãos para demonstrar que não estava armado e se identificou como um morador, mas que mesmo assim, os agentes atiraram, segundo os populares.

"Queria perguntar ao policial se ele está dormindo tranquilo, se ele tem família, se ele tem mãe, filhos. Queria mesmo saber se ele está dormindo tranquilo, porque quando mata um deles a comunidade que não presta e bandido matou. Mas eles nunca fazem nada, né? Quando morre um policial uma mãe chora, mas quando morre um trabalhador a mãe não pode reclamar e chorar pela perda de um filho?", questionou Edna.

Ao sair do velório e chegar no cemitério, os parentes e amigos gritavam por justiça. Para Edna, o filho dela não pode ser mais uma vítima da violência.

"Eu não quero dinheiro, não quero nada. Só quero justiça, que não vire mais um na estatística. Meu filho vai ser enterrado como um trabalhador. Atiraram nele mesmo ele se rendendo e dizendo que era morador", finalizou.