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Caminhos possíveis

Acadêmicos e técnicos com vivência em projetos de habitação apontam desafios e sugerem alternativas para potencializar o maior programa de moradia do estado do Rio de Janeiro

Não basta ter boa intenção. Para solucionar o crônico problema habitacional no Rio de Janeiro, o Casa da Gente tem o desafio de assumir o papel de 'política de estado' e não apenas de governo. A tese foi recorrente em todos os debates do 'Fórum Moradia, resgatar com dignidade'.

Convidado da mesa que teve como tema central 'Direito à cidade: A produção habitacional como mecanismo de inclusão', Vicente Loureiro, arquiteto, urbanista e doutorando em Urbanismo na Universidade de Lisboa, destacou a importância de o poder público assumir uma política habitacional integrada, colaborativa e articulada em busca de soluções para o déficit de moradias para os mais pobres, apenas no Rio de Janeiro calculado em 500 mil.

"O modelo de desenvolvimento brasileiro é excludente. O desafio é produzir moradia para quem precisa... Tem uma hora que o Estado precisa socorrer, intervir, subsidiar essas moradias", destacou Vicente.

Professora de Direito da UERJ e Procuradora do Município do Rio de Janeiro, Arícia Fernandes Correia destacou a questão o papel da regularização fundiária plena sustentável no debate 'Acesso a Terra e Moradia: Estratégias e Desafios para a Regularização Fundiária'.

"Mais do que nomear um local que não está cartografado ou inscrito em órgão públicos é preciso levar a moradia e a cidade ao cidadão... Tem que ser sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico", destacou Arícia.

Nascida e criada no Complexo do Alemão, Camila Santos será uma das beneficiadas pelo programa de habitação do governo do estado em 2022. Em setembro de 2011, sua família foi uma das 1.300 removidas da comunidade após um incêndio atingir parte da comunidade. Desde então, ela se tornou ativista na questão habitacional.

"A minha participação pela luta por moradia teve início com meus ancestrais. Ninguém escolher morar em local que não tem água, luz, serviços. É a necessidade. Pobre, mas digno. Quando a promessa de entregar algo melhor para o pobre não é cumprida, isso é falta de dignidade", disse Camila 'Moradia'.