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Passageiros falam da frustração de ter viagem cancelada após novo surto de covid-19 em navio

A MSC Preziosa chegou, nesta quarta-feira, com 61 tripulantes e 20 passageiros infectados pela doença

Navio MSC Preziosa retorna ao Rio com novos casos de covid-19, nesta quarta feira (05), na foto Fernanda Oliveira 39 anos e sua mâe.
Navio MSC Preziosa retorna ao Rio com novos casos de covid-19, nesta quarta feira (05), na foto Fernanda Oliveira 39 anos e sua mâe. -
Rio - Os passageiros do navio MSC Preziosa falaram sobre a frustração de ter a viagem cancelada após novo surto de covid-19 a bordo. A embarcação, que esteve no Rio no último domingo, retornou à cidade nesta quarta-feira com 61 tripulantes e 20 passageiros infectados pela doença. Através de uma carta, segundo os hóspedes, eles foram informados que os problemas sanitários em relação à pandemia e os desastres ambientais no Sul da Bahia foram os motivos para a interrupção da viagem. A companhias de cruzeiros suspenderam as operações na costa do Brasil até 21 de janeiro.
O transatlântico atracou às 6h30 no Píer Mauá, na Zona Portuária do Rio, com 2,5 mil pessoas a bordo. Uma delas é Fernanda Oliveira, que estava viajando com a mãe. A gaúcha de 39 anos criticou a forma como os cruzeiros estão sendo rigidamente fiscalizados, já que, segundo ela, isso não acontece em outros casos.
"O pouco tempo que passamos no navio foi maravilhoso. A gente tá bem chateado por ter que desembarcar antes. O nosso cruzeiro tava previsto pra terminar só no domingo e a gente considera bem injusto o final dele, porque fomos testados antes de embarcar. No cruzeiro todo mundo usando máscara, os funcionários também e não existe uma fiscalização em festas, hotéis e shows dessa forma como foi feito no cruzeiro. Então é bem complicado a situação mesmo porque a gente investiu em torno de R$ 7 mil nessa viagem, planejou as férias e aconteceu isso", lamentou.
Fernanda disse que todos os passageiros foram informados do cancelamento da viagem na segunda-feira à noite, quando estavam a caminho de Ilhéus, na Bahia. Com isso, a passageira contou que vai tentar aproveitar a Cidade Maravilhosa antes de retornar ao Rio Grande do Sul. "Optamos por ficar alguns dias ainda no Rio em função do desgaste de ter que remarcar a passagem. Como eu to de férias, a gente prefere aproveitar até domingo. Gostaria muito ainda de poder curtir esses dias".
O advogado Renato Porto disse que a experiência dentro do navio foi tranquila e que apontaram duas justificativas para o cruzeiro ser cancelado.
"A situação de certa forma tava normal, só o clima de tensão de você ter um destino para desembarcar e esse lugar não chega. A vida a bordo foi tranquila, não fomos maltratados, não faltou alimentação, não faltou em momento algum nada. Estávamos nos aproximando de Ilhéus quando o comandante informou que por problemas sanitários, todos os cruzeiros nacionais estariam sendo cancelados e nós estaríamos regressando ao Rio de Janeiro. Quando retornamos ao quarto, havia uma carta do comandante e nessa carta alegavam dois motivos. O primeiro sobre os alagamentos na Bahia, que o governo de lá estava criando alguns problemas nesse sentido. O segundo seria justamente pela suspensão de serviço em território nacional por causa da covid-19 e problemas com a Anvisa", relatou Renato.
Segundo o advogado, todos os passageiros têm direito à indenização. "As pessoas que tiveram problemas no embarque, porque houveram relatos de pessoas que chegaram às 9h e só conseguiram ter acesso às 21h30, podem acionar a justiça. Existe uma indenização que se chama indenização pelo tempo de vida perdida. Então, recomendo que as pessoas procurem seus advogados, que procurem o Procon para tomar as medidas legais cabíveis. Isso é no momento do embarque. A frustração de expectativa ela existiu, só que essa pode ser questionável. Por que qual foi o fator que desencadeou esse regresso? Então, isso aí já é um fator diferenciado, mas imagine aqui o custo das pessoas que de repente esse cruzeiro que voltaria no domingo, agora terão que ficar aqui até domingo. Então, pra antecipar esse voo, eu entendo que elas também têm direito".
Giulia Wupais, que também estava a bordo do MSC Preziosa, disse que em momento algum foram avisados de que haviam pessoas contaminadas no navio e que foram orientados a procurar a agência de turismo que fecharam o pacote para pedir reembolso. 
"Eles falaram simplesmente que a gente estava retornando por causa dos desastres ambientais no sul da Bahia. Então a gente não ia conseguir parar em Ilhéus, nem em Salvador e voltamos para o Rio. Eles avisaram que teríamos que falar a agência para pedir reembolso. Mas não falaram nada sobre casos de covid dentro do navio, fiquei sabendo agora. Só falaram que era por causa da pandemia, mas não falaram que tinham casos lá".
Ela ainda falou que a testagem acontecia de forma aleatória. "Eu fiz o teste, mas acho que eles escolhiam pelas cabines. Não era por pessoa, era por andar. Eles fiscalizavam certinho, pediam para colocar máscara, tinha distanciamento. Foram bem rigorosos".
Entenda o caso
Na noite de Réveillon, o navio ficou ancorado na Praia de Copacabana. Depois da virada do ano, ele seguiu direto para Búzios, na Região dos Lagos, onde foram identificados os primeiros casos da doença. No domingo, 28 pessoas desembarcaram do MSC Preziosa e estão cumprindo dez dias de isolamento. A empresa responsável pela embarcação informou que todos os casos eram assintomáticos ou com sintomas leves.
Depois de mais de 8 horas de espera, centenas de passageiros puderam embarcar no MSC Preziosa por volta das 21h, deste domingo, para uma nova viagem de sete noites por Ilhéus, Salvador e Maceió. Segundo relatos, houve um atraso no embarque por conta da saída dos hóspedes no início da tarde. No local, passageiros reclamaram da falta de atendimento e ausência de esclarecimentos sobre os casos confirmados da doença a bordo.
De acordo com Gabriela Guerreiro, de 34 anos, a MSC remarcou o destino sem qualquer aviso prévio. "Estamos indo para Ilhéus, mas eu comprei para Buenos Aires. Eles remarcaram sem avisar a gente. Estou há seis horas na fila, sem informação nenhuma. Toda vez que a gente pede informação para algum funcionário, eles falam que não tem nada a declarar".
"Não falam o motivo da fila, nem se vai ter embarque, nem nada, nenhuma informação. Na fila, sem banheiro, o que está salvando são esses carrinhos de comida, mas sem estrutura nenhuma. O atendimento da MSC está horroroso, péssimo", apontou a empresária.
A Anvisa disse que o desembarque dos passageiros foi iniciado após avaliação das autoridades de saúde da situação epidemiológica a bordo. A agência informou que há capacidade para 3.016 passageiros, em atendimento ao protocolo vigente e que a embarcação está no nível 3 do cenário epidemiológico. De acordo com essa avaliação, os embarques neste domingo foram autorizados.
A MSC identificou os casos na rotina de monitoramento de saúde, que inclui testagens frequentes e diárias de 10% dos hóspedes e tripulantes. O grupo foi isolado em uma seção dedicada e separada do navio, em cabines com varanda, seguindo as medidas previstas para este tipo de situação.

A empresa afirmou que o protocolo de saúde e segurança implementado prevê que, no momento do embarque, todos os hóspedes com 12 anos ou mais apresentem comprovante de vacinação completa contra a COVID-19 e todos os hóspedes a partir de 2 anos apresentem teste de covid negativo.
Suspensão
Após detectar surtos de covid-19, a Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia) informou na segunda-feira que as empresas suspenderão suas operações na costa do Brasil até 21 de janeiro. Essa decisão acontece após a Anvisa reforçar a interrupção imediata da temporada de cruzeiros devido aos casos da doença.
As pessoas que estavam com viagem marcada para o período da suspensão, a Clia indica procurar as companhias responsáveis pelos cruzeiros e verificar a política de cada uma para essa situação.
O Procon Estadual do Rio de Janeiro notificou, nesta terça-feira, a MSC Cruzeiros e a Costa Cruzeiros a prestarem esclarecimentos após notícias sobre surtos de covid-19 a bordo das embarcações que operam na costa fluminense. As empresas deverão responder questionamentos feitos pela autarquia, dentre eles, como serão realizados os reembolsos e remarcações das viagens que forem canceladas.
Colaborou Marcos Porto
Colaborou Marcos Porto
Navio MSC Preziosa retorna ao Rio com novos casos de covid-19, nesta quarta feira (05), na foto Fernanda Oliveira 39 anos e sua mâe. Marcos Porto/Agencia O Dia
Renato Porto e a família desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Giulia Wupais e a família desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Fernando Oliveira e a mãe desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcaram do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 a bordo Marcos Porto
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia
Passageiros desembarcando do navio MSC Preziosa após novos casos de covid-19 Marcos Porto / Agência O Dia