Filho constatou morte de caldeireiro na refinaria Reduc, da Petrobras

José Arnaldo faleceu durante atividade de manutenção no interior de um equipamento na Refinaria Duque de Caxias

José Arnaldo de Amorim morreu durante o trabalho na Reduc, em Duque de Caxias
José Arnaldo de Amorim morreu durante o trabalho na Reduc, em Duque de Caxias -
Rio - Foi o próprio filho de José Arnaldo de Amorim, 50, que constatou a morte do caldeireiro durante um serviço de manutenção prestado à Refinaria Duque de Caxias, a Reduc, da Petrobras. Jonatas de Amorim, de 27 anos, seguiu os passos do pai e também trabalha na refinaria como caldeireiro. Ao saber de um acidente com um trabalhador no último sábado (19), ele foi correndo ao local e constatou que a vítima era seu pai.
Manifestação por morte de funcionário terceirizado da Petrobras na Reduc, em Caxias - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Manifestação por morte de funcionário terceirizado da Petrobras na Reduc, em CaxiasReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
José Arnaldo trabalhava para a empresa C3 Engenharia e faleceu durante atividade de manutenção no interior de um equipamento na Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Jonatas denuncia demora no socorro do pai. "O resgate demorou mais de cinquenta minutos. Me avisaram de que um trabalhador havia se acidentado e, como sou funcionário, entrei na empresa e constatei que era meu pai", conta. O caldeireiro questiona se o procedimento para o trabalho de manutenção foi cumprido e pede justiça.
"Chamaram ele para fazer um serviço. Chegando lá, para iniciar qualquer tipo de serviço, tem um documento que o operador da Petrobras assina chamado 'PT', permissão de trabalho, atestando que as condições estão seguras. O operador liberou e assinou", relata. Na sequência, a empresa terceirizada também faz uma medição dos gases na estrutura, o que foi feito e aprovado. "Possivelmente, o aparelho da empresa estava danificado. Mas, como a Petrobras não apontou problemas, a empresa não desconfiou", avalia.
O equipamento em que José Arnaldo trabalhava no sábado é chamado vaso 7 da U-4500, em espaço confinado. Jonatas conta que depois que José entrou na caldeira desacordou rapidamente: "Foi questão de segundos."
A Petrobras lamentou a morte e informou que o trabalhador recebeu atendimento médico imediatamente no local, e foi levado para atendimento externo, mas, não resistiu.

"A Petrobras está em contato com a empresa C3, para prestar todo apoio à família do colaborador neste momento difícil. A companhia acompanhará o caso junto a empresa contratada e formou uma comissão para investigação que permita esclarecer as circunstâncias da ocorrência. As autoridades competentes foram comunicadas", diz em nota.
O Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro Caxias) divulgou nota em que cobra mais segurança para os trabalhadores. "Infelizmente a história se repete na REDUC. Em 2008, tivemos na U-2800, um acidente em espaço confinado que quase levou um trabalhador a morte. O sindicato vem advertindo a empresa sobre a falta de treinamento e recursos necessários para os trabalhadores e as trabalhadoras desenvolverem suas atividades de manutenção com segurança", diz o texto.

A Direção do Sindipetro Caxias pede a suspensão de todos os serviços da parada de manutenção e que o sindicato seja convocado para averiguação das condições em que o acidente ocorreu.
O caso foi registrado na 59ª DP (Duque de Caxias) e será encaminhado para 60ª DP (Campos Elíseos), que prosseguirá com as investigações.
O velório de José será realizado nesta segunda-feira até as 14h30 no Cemitério Memorial do Rio, na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias.
Cerca de 60 pessoas fizeram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (21) no km 113 da Rodovia BR-040, em Duque de Caxias, pela morte do funcionário. A via ficou totalmente interditada, mas às 9h30 já estava liberada. Ele havia completado 50 anos na última quarta-feira. Deixa esposa e três filhos.

Manifestação por morte de funcionário terceirizado da Petrobras na Reduc, em Caxias
Manifestação por morte de funcionário terceirizado da Petrobras na Reduc, em Caxias Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia