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Alckmin anuncia filiação ao PSB e lembra de Eduardo Campos

Ex-governador de São Paulo anunciou em uma publicação em uma rede social. A fala que lembrou o ex-governador de Pernambuco fala sobre não desistir do Brasil

Geraldo Alckmin (PSDB)
Geraldo Alckmin (PSDB) -
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou nesta sexta-feira (18) que irá se filiar ao PSB. Ele divulgou a informação em uma publicação feitas em suas redes sociais.
"O tempo da mudança chegou! Depois de conversar muito e ouvir muito eu decidi caminhar com o Partido Socialista Brasileiro - PSB. O momento exige grandeza política, espírito público e união", escreveu ele.
O texto foi compartilhado em meio a uma foto de Alckmin com uma citação de Eduardo Campos. "Não vamos desistir do Brasil". A frase faz parte do discurso dito pelo ex-governador de Pernambuco, que morreu em agosto de 2014 após a queda de um jato particular, durante a campanha à presidência do Brasil. Ele era o candidato do partido nas eleições presidenciais.
Alckmin deve assinar sua ficha de filiação ao PSB na próxima quarta-feira, 23, em Brasília, em um evento que está sendo formatado para apresentá-lo como um político progressista e no qual lideranças históricas de outros partidos também vão ingressar na legenda.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem o ex-tucano deve ser candidato a vice, ainda não confirmou presença no ato de filiação, mas dirigentes pessebistas dizem que o presidenciável sinalizou que vai participar do evento.
Entre as lideranças que vão dividir o palanque com Alckmin e também assinarão a filiação ao PSB estão o presidente da Aliança Nacional LGBTQIA+, Toni Reis; o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, que deixou o PSDB; o advogado e influencer Augusto de Arruda Botelho; e o senador Dario Berger (SC), que deixou o MDB; além do núcleo de aliados mais próximos do ex-governador paulista.

Núcleo

A lista de tucanos do entorno de Alckmin que vai se filiar ao PSB tem o ex-deputado estadual e ex-presidente do PSDB Pedro Tobias, os ex-deputados federais Silvio Torres e Floriano Pesaro e o ex-prefeito de Sorocaba Antonio Carlos Pannunzio. Outro ex-tucano que está no núcleo duro do ex-governador é o sociólogo Fernando Guimarães, que liderou a corrente Esquerda para Valer no PSDB. Guimarães, que entrou na executiva estadual do PSB paulista recentemente, é também coordenador do movimento Direitos Já e tem feito a interlocução entre o ex-governador e líderes de movimentos da sociedade civil.

Em outra frente, Alckmin tem mantido diálogo com tucanos históricos, mas que, pelo menos por ora, não mudarão de partido. O ex-governador esteve com os ex-senadores paulistas Aloysio Nunes Ferreira e José Aníbal - que integra o grupo de dissidentes do governador e presidenciável tucano, João Doria. "Tenho conversado com Geraldo sobre política. Ele recebeu um tratamento muito aquém do seu tamanho no PSDB. Não critico a decisão (de ser candidato a vice do Lula)", disse Aníbal. Sobre a possibilidade de mudar de partido, o ex-senador afirmou que ainda está fazendo um trabalho dentro da legenda.

Ausência

Apesar da estratégia de Alckmin de se aproximar de movimentos sociais progressistas, o ex-governador enfrenta resistências no PT e é alvo de críticas no campo da esquerda. "A direção do PSB foi gentil ao nos convidar para o ato. Assim, evitamos o constrangimento de declinar", disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. "Vamos ver quanto tempo ele vai demorar para fazer a autocrítica de suas posições neoliberais", declarou o dirigente.

No PT, a ala que é contrária à escolha de Alckmin como vice de Lula é integrada pelo ex-presidente do partido Rui Falcão, pelo ex-deputado José Genoino e por correntes mais à esquerda da legenda. Segundo petistas, uma opção ventilada é que o ex-presidente mande uma mensagem gravada no evento de filiação de Alckmin.

O ex-governador anunciou sua saída do PSDB - partido do qual foi um dos fundadores e onde estava havia 33 anos - em 15 de dezembro, após romper com Doria, seu ex-afilhado político. Alckmin, que foi a sétima assinatura na lista de presença dos fundadores do partido, disputou duas vezes o Palácio do Planalto, em 2006 e 2018, com uma agenda conservadora e discurso antipetista.
*Com informações do Estadão Conteúdo