Após três dias de greve dos garis, bairros do Rio sofrem com lixo acumulado

Nesta quarta-feira, uma segunda audiência de de conciliação deve ocorrer no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), às 15h

Lixo acumulado em calçadas na Rua Justiniano da Rocha, em Vila Isabel
Lixo acumulado em calçadas na Rua Justiniano da Rocha, em Vila Isabel -
Rio - Após três dias desde o início da greve dos garis, bairros da cidade do Rio sofrem com o lixo acumulado nas calçadas. Os pontos mais atingidos pela falta da coleta são as regiões de Campo Grande, Vila Isabel, Méier e Ilha do Governador. O DIA percorreu as ruas Justiniano da Rocha, em Vila Isabel, e 24 de Maio, no Méier, e flagrou grande quantidade de embalagens descartadas e sacos de lixo espalhados pelas calçadas, obstruindo a passagem de pedestres e provocando mau cheiro nas vias.
Nesta quarta-feira, o Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco/RJ) deve participar de uma nova audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), às 15h.
Durante a audiência, o sindicato dos garis também promove uma grande concentração em frente ao TRT. O ato irá resultar em uma assembleia, após o julgamento. "Não deixe os outros decidirem por você", dizia o cartaz de convocação.
Na noite desta terça-feira, grupos de mascarados, que vinham sendo transportados por uma Kombi, foram filmados espalhando lixo acumulado na Zona Sul, principalmente nas ruas Siqueira Campos e Figueiredo Magalhães, em Copacabana. Alguns indivíduos chegaram a ameaçar garis que trabalhavam.
A Polícia Militar teve que intervir na situação e realizar a escolta de caminhões da Comlurb, para impedir que trabalhadores fossem ameaçados ou agredidos pelo grupo. Segundo a corporação, os funcionários procuraram o 19º BPM (Copacabana) comunicando que estariam sendo ameaçados por homens não identificados para que não seguissem trabalhando. Os agressores não foram encontrados.
O prefeito Eduardo Paes compartilhou as imagens em suas redes sociais e chamou os grupos de 'marginais' e 'delinquentes'. "Os garis de verdade vão trabalhando pela cidade e os marginais contratados por políticos vão sujando", afirmou o prefeito.
Além disso, Paes também confirmou que compreende as necessidades dos garis e que vai se organizar para melhorar cada vez mais as condições de trabalho e remuneração dos funcionários. "A luta dos trabalhadores da Comlurb por melhores salários é justa e eles sabem que sempre que a prefeitura teve condições, nenhum prefeito melhorou o salário deles como eu. No entanto, estamos organizando nossas finanças e não podemos agir de forma irresponsável", explicou.
Nesta última segunda-feira, os garis resolveram manter a greve após não terem suas exigências atendidas durante a última audiência de conciliação, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho, com a presença da direção da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Com isso, está mantida apenas a limpeza dos hospitais, escolas e feiras livres.
De acordo com o secretário geral do Siemaco/RJ, Antonio Carlos da Silva, durante a audiência, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) ofereceu 5% de reajuste salarial (a proposta anterior era de 4%), sendo outra parte dada no mês de novembro. O sindicato, porém, pede pelo menos 19% referente a perdas salariais dos últimos três anos.
A segunda audiência de conciliação havia sido marcada para a quinta-feira (31), mas devido aos transtornos causados na cidade pela paralisação da categoria, foi antecipada para esta quarta.
Em nota, a Comlurb informou que a Justiça do Trabalho, atendendo a uma petição do órgão, determinou no início da noite de terça-feira (29) o pagamento no valor de R$ 400.000,00 pelo Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município referente a dois dias de multa por deflagrar uma greve ilegal dos garis.
"O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) considerou gravíssimo o descumprimento da determinação de manter 100% do contingente da categoria trabalhando por tempo indeterminado, e deu prazo de 48 horas para o pagamento da multa sob pena de execução", continuou a nota.

A Comlurb reafirmou que está com um plano de contingência em andamento para evitar prejuízos à população do Rio e que atrasos pontuais são inerentes à condição de greve, está sendo contornada pelas equipes operacionais. "Vale lembrar que qualquer ação que impeça os garis de trabalhar pode configurar crime contra a organização do trabalho", finalizou a empresa.
 
Estagiaria sob supervisão de Raphael Perucci*