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Manifestação pede justiça por atendente do McDonald's baleado

Mateus Domingues Carvalho foi atacado por um bombeiro, após desentendimento sobre desconto em pedido. Vítima permanece internada, mas estável

Colegas de trabalho pedem justiça por Mateus
Colegas de trabalho pedem justiça por Mateus -
Rio - Familiares e amigos realizam uma manifestação, na manhã desta quarta-feira (11), em frente ao McDonald’s da Taquara, na Zona Oeste do Rio, pedindo justiça por Mateus Domingues Carvalho, de 21 anos. Atendente do estabelecimento, o jovem foi baleado pelo sargento do Corpo de Bombeiros, Paulo César de Souza Albuquerque, na madrugada da última segunda-feira (9), após um desentendimento sobre um cupom de desconto.


O ato foi organizado por amigos de trabalho da vítima e o grupo exibe cartazes com as frases "Uma vida vale mais que um cupom" e "Nem sempre o cliente tem razão!". O caso aconteceu por volta das 2h, quando o militar fez um pedido no drive-thru e no momento de pegar o lanche, informou que tinha um cupom. Mateus então tentou explicar que o desconto deveria ter sido informado no início. Insatisfeito, o bombeiro quebrou a proteção de acrílico e deu um soco no rosto do atendente. Em seguida, ele entrou na loja e atirou no jovem.
"Essa atitude não deveria ter acontecido, esse ato foi muito revoltante para todos nós. O cliente agir dessa forma, mesmo que tenha dito que deveria ter informado antes, não é algo que se faz com ninguém, ele não agiu corretamente. Hoje eu estou aqui por empatia. Assim como foi com ele, poderia ter sido eu. Assim como foi com o Mateus, poderia ter sido um familiar desse bombeiro. Qual seria a atitude dele? Ele se revoltaria da mesma forma que nós atendentes estamos revoltados, tristes com isso", declarou a colega de trabalho e também atendente da loja, Rute Juliana.

"Eu espero que não fique por isso o que aconteceu com ele, porque é uma vida. Hoje, é ele que está preso, é a família dele. Eu deixei de trabalhar, eu moro longe de onde ele está (internado), então, a nossa vida é que parou. Todo mundo voltou a sua rotina, está todo mundo fazendo tudo normal, e a nossa vida parou, principalmente a dele, porque a gente não sabe quando ele vai voltar a trabalhar, voltar a uma vida normal", desabafou a tia da vítima, Marcela Costa.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), o quadro clínico de Mateus é estável. Segundo a tia, ele permanece internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e não há previsão de alta. Apesar de ter pedido o rim esquerdo por conta do tiro, Marcela explicou que o sobrinho não precisou ser submetido à hemodiálise. O atendente vai passar por um procedimento para reconstruir o intestino, que também foi afetado, em cerca de três meses, quando estiver mais estabilizado.
Sargento pode ser expulso do Corpo de Bombeiros

Nesta terça-feira (10), o Corpo de Bombeiros informou que pediu a prisão preventiva do sargento. Caso o pedido seja aceito, ele ficará preso no Grupamento Especial Prisional (GEP). Também foi instaurado um inquérito para apurar a conduta do militar e aberto um conselho disciplinar que, em 30 dias, vai definir se Paulo César será expulso da corporação.
O bombeiro tem outras passagens pela polícia, uma delas em 2012, por lesão corporal e ameaça contra uma mulher, e em 2018, por violação de domicílio e invasão de um terreno. Apesar de câmeras terem registrado o ataque ao jovem, a Justiça considerou que há necessidade de mais provas e indeferiu o pedido de prisão.
"Independente do que ele (bombeiro) fale, tem câmeras, mostra tudo. Não tem o que falar, que não aconteceu, que foi algo que a pessoa não pensou. Pensou. A partir do momento que você saca uma arma, você pensa para poder fazer. Não foi uma coisa acidental. O que deixa a gente mais triste é saber que a pessoa está livre. Uma pessoa se achou no direito de tirar a vida da outra, porque foi na intenção de matar, ele deu um tiro à queima roupa. A gente fica mais triste com a impunidade que está acontecendo agora", lamentou Marcela.

"A gente espera que a Justiça se faça presente e tome uma providência, com exatidão e o mais rápido possível. Olha quantos dias já se passaram, o Matheus está preso no hospital e o criminoso, onde está?", completou Rute.