Mais Lidas

Dor difícil de explicar

Filhas da mulher morta na comunidade fazem desabafo no IML e pedem justiça

Jennifer e Jéssica, filhas de Letícia Marinho, de 50 anos, não seguraram as lágrimas ao falar da tragédia
Jennifer e Jéssica, filhas de Letícia Marinho, de 50 anos, não seguraram as lágrimas ao falar da tragédia -

'Hoje foi tirado um pedaço de mim". As palavras de dor são de Jennifer Salles, filha de Letícia Marinho dos Salles, 50, morta na operação policial de quinta no Complexo do Alemão. Ela, a irmã Jéssica e outros parentes pediram justiça.

"É uma dor que eu não desejo para ninguém. Minha mãe era tudo. Perdi minha avó há 12 dias e eu falei para mim: 'agora eu só tenho a minha mãe e meu pai'. E acontece isso", lamentou Jennifer.  

Segundo a jovem, a mãe foi ao complexo, onde as filhas moram, para ajudar a organizar uma festa na igreja que frequentam. "O sentimento neste momento para mim é só de dor, revolta e injustiça. Ela não fez nada. Estava na porta de casa", comentou Jennifer.

Para Jéssica, a morte da mãe revela o despreparo da polícia nas ações policiais realizadas dentro das comunidades. "Quantas mais pessoas inocentes vão morrer para o Estado mudar essa atitude. Quantos mais vão perecer. Esses policiais despreparados só querem vir e atirar em inocente, eles acham que todo mundo que mora na comunidade é marginal", reclamou a jovem, na porta do IML. 

"Um despreparo da polícia do Rio de Janeiro. Infelizmente o estado está caótico, a política do nosso Rio de Janeiro, do nosso país está cada vez pior. É isso que eles tem pra gente? Chegar e matar? A polícia do Rio só faz isso? Matar? Minha mãe era uma pessoa boa, disposta ajudar todo mundo e um policial vem e mata ela dessa forma", observou. 

O corpo da autônoma Letícia Marinho dos Salles será enterrado hoje, às 11h30, no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio.