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Número de feminicídios no Rio aumenta cerca de 20% em comparação ao ano passado

Em apenas um dia, três mulheres foram vítimas de feminicídio no estado

Uma das vítimas é a jovem Yzabelli de Oliveira, encontrada morta sem as roupas em Maricá
Uma das vítimas é a jovem Yzabelli de Oliveira, encontrada morta sem as roupas em Maricá -
Rio - O número de feminicídios cometidos no estado do Rio em 2022 aumentou em relação a 2021. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a julho deste ano foram 57 casos, contra 48 neste mesmo período. O aumento é de 19%.

Em apenas um dia, três mulheres foram vítimas de feminicídio no estado, uma no Centro do Rio, outra em Niterói e a última em Maricá. De junho a julho, 11 casos foram registrados.

Uma das vítimas é Sarah Jersey Pereira, de 23 anos, morta a tiros dentro de um apartamento , na Rua Tadeu Kosciusko, 74, no Centro do Rio, na madrugada desta terça-feira (26). O ex-companheiro da vítima confessou ter atirado várias vezes contra ela. Ele foi preso.
Outra é Letícia Dias, encontrada morta durante a tarde desta terça-feira (26), na Avenida Almirante Tamandaré, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. O corpo tinha sinais de perfurações feitas por uma arma branca. De acordo com testemunhas, o autor do crime seria o ex-namorado da vítima, identificado como Flávio Fonseca, que fugiu.

Yzabelli Cristinne Souza de Oliveira, de 18 anos, foi encontrada morta, sem roupa, com indícios de estupro, em uma área de mata às margens da Estrada dos Cajueiros, no distrito de Itaipuaçu, em Maricá, na tarde desta terça-feira (26).
Outros casos
Na primeira quinzena de junho, três casos aconteceram em uma única semana. O primeiro foi no dia 11 de julho, quando o corpo de Marcielly Araújo, de 29 anos, foi encontrado em uma casa Comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste. O principal suspeito da morte é seu companheiro, Glauber Moraes do Nascimento, também de 29 anos, se entregou à Polícia Civil no mesmo dia, durante a tarde.

Parentes da vítima dizem que na noite deste domingo (10) ela e o companheiro teriam discutido em uma festa. O homem já teria agredido e tentado matar a mulher em situações anteriores. Ela foi morta por estrangulamento.

No dia seguinte, José Carlos Martins Esperidião foi preso suspeito da morte de sua esposa, Cláudia Gonçalves de Moura, de 51 anos. A mulher foi encontrada morta esquartejada e enterrada no quintal da residência onde vivia com o homem, na comunidade Campo Belo, no bairro Lagoinha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Cláudia estava desaparecida desde o dia quatro de julho. No domingo, dia 3, ela teria dito à nora que teve uma discussão com o marido. Depois disso, não apareceu novamente.
No dia 14 de julho, a doméstica Elizabeth Lopes da Silva, de 42 anos, foi encontrada morta dentro de um poço, na noite desta quinta-feira (14), atrás da casa de seu ex-companheiro, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. Ela estava desaparecida desde o dia quatro de julho, após ter encontrado com o homem, identificado apenas como Luiz.

Já no final do mês de junho, a dona de casa Valquíria Celina Ferreira Santos, de 35 anos, morreu após passar quatro dias internada no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, por causa dos graves ferimentos que teriam sido causados pelo namorado. Júlio César Perrone Gomes, de 32 anos, apontado como autor das agressões, teria acertado a vítima com olpes de escavadeira de ferro manual depois de uma crise de ciúmes, na madrugada do último dia 23.

Vitória Lima Martins foi encontrada morta com os pulsos cortados, na madrugada do dia 28 de junho, dentro de uma casa em Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio. A jovem teria saído de sua casa para encontrar um amigo que havia oferecido um emprego. Rodrigo da Silva Nascimento é apontado por familiares como o autor do crime. Na ocasião, ele teria forjado uma cena de duplo suicídio para se livrar das acusações.

Dias antes, Viviane Garcia foi morta pelo marido no bairro Santa Terezinha, em Mesquita, na Baixada Fluminense, em 17 de junho. O homem, que não teve a identidade divulgada, ainda atirou na filha do casal e depois se matou. A filha do casal sobreviveu após passar por cirurgias no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. O atirador chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Na mesma semana, no dia 12 de junho, Lais Batista da Silva Rocha dos Santos, de 25 anos, foi morta pelo companheiro Magno Rocha, de 29 anos, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Magno foi denunciado pela própria mãe, que ouviu o disparo feito contra Lais. De acordo com a família da vítima, o assassinato teria sido motivado por ciúmes, depois dos dois terem passado a noite em um bar.
Tem solução?
O advogado criminalista Wallace Martins acredita que a solução para essa problemática seja a conscientização em massa da população e as mulheres sempre procurarem as delegacias nos primeiros sinais de abuso ou agressão.

"As pessoas tem que entender que a mulher é um sujeito de direito e não um objeto de direito. Além disso, a principal politica pública é a conscientização em massa, um modelo que tem que ser iniciado na escola, lá na infância porque se você quer resolver esse problema hoje, de verdade, é na infência, os meninos e as meninas crescerem com a cultura da não violência", disse.