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Atriz niteroiense protagoniza espetáculo premiado que estreia no Rio

O trabalho tem direção de Fabiano de Paula e fica em cartaz até dia 28/8

A triz, Claudia Macedo, do Morro do Bumba em Niterói, sobe ao palco para protagonizar novamente a peça que elucida a dor das mães que perderam os filhos em chacinas brasileiras.
A triz, Claudia Macedo, do Morro do Bumba em Niterói, sobe ao palco para protagonizar novamente a peça que elucida a dor das mães que perderam os filhos em chacinas brasileiras. -
Após vencer a 11ª edição do Festival de Teatro Universitário (Festu), com espetáculo "Melro", ao conquistar três prêmios, o de Melhor Esquete pelo júri técnico, Melhor Iluminação, Melhor direção e Melhor Atriz, Claudia Macedo, do Morro do Bumba em Niterói, sobe ao palco ao lado de Pietra Canle, para protagonizar novamente a peça que elucida a dor das mães, que perderam os filhos em chacinas brasileiras.
O trabalho tem direção de Fabiano de Paula e fica em cartaz até dia 28, sextas 20h, sábados 19h e domingos 18h, às 20h, no Teatro Chica Xavier, no espaço cultural Terreiro Contemporâneo, e tendo a população negra como objeto de preconceito, violência e marginalização, no palco, as atrizes Cláudia Macedo e Pietra Canle evidenciam a solidão das mães que sonham encontrar algum vestígio dos filhos assassinados em chacinas periféricas nas quais os corpos negros foram levados e nunca mais vistos.

Ancestralidade, amor, dor, desesperança e luta se misturam na peça. “Nós desenvolvemos a denúncia dessas mortes, com uma pegada científica, trazendo questionamentos para o nosso público. Para finalizar, abordamos sobre o afeto, que se desenvolve dentro de casa, o que envolve duas pessoas pretas e o que possibilita a cura. Eu digo que a peça tem uma pegada de dramaturgia, misturada com show e uma dose de performance”, ressaltou o diretor Fabiano de Paula.

Segundo Fabiano, a ideia é fazer as pessoas questionarem as mazelas que abarcam pessoas negras. “Nós queremos conduzir o nosso público nas diferentes atmosferas do questionamento. Por que isso aconteceu? Como foi possível fazer isso? Por que quase ninguém faz isso? São perguntas que definem bem os três atos do espetáculo. Esperamos que o público aprecie o questionamento levando para suas casas e compartilhando com seus amigos e familiares”, pontua o diretor.

Foi durante a pandemia de Covid-19, nos últimos dois anos, que tudo começou. Formado pelas atrizes Cláudia e Pietra e por Fabiano, que também é ator, o ‘Coletivo Agô’, o qual originou a materialização deste espetáculo, nasceu do encontro dos artistas na Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna. Juntos, o trio realizou montagens de peças e cenas curtas, além de apresentações em festivais e saraus.

A poucos dias da temporada, o coletivo tem boas expectativas. “Esperamos que este projeto seja o tipo de espetáculo que comunique com os diferentes públicos da nossa sociedade. É uma peça que quem é branco vai ter um questionamento diferente de quem é preto, quem é rico vai ter um questionamento diferente de quem é pobre, mas todos vão questionar o seu lugar dentro da sociedade. É o que esperamos. Queremos nos conectar com esse público. Queremos ficar na cabeça dele. Queremos estar no dia seguinte na sua chegada ao trabalho, durante seu almoço com colegas e na sua vivência familiar. Este é o tipo de espetáculo que fica e o público leva para a vida”, frisou a produtora Núria Kiffen.

O Teatro Chica Xavier, fica no Terreiro Contemporâneo, localizado na Rua Carlos de Carvalho, número 53, Centro, Rio de Janeiro.