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Auxílio Brasil: população do Rio pretende voltar a consumir carne, leite e derivados

Com benefício de até R$ 600 garantido até dezembro, fluminenses tentam driblar o valor da cesta básica para melhorar a alimentação

Cariocas e fluminenses têm intenção de voltar a consumir carne bovina e de frango com os recursos do Auxílio Brasil
Cariocas e fluminenses têm intenção de voltar a consumir carne bovina e de frango com os recursos do Auxílio Brasil -
Rio - O pagamento da primeira parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil, realizado no dia 9 de agosto, promete mudar os hábitos de consumo dos beneficiários do Rio de Janeiro. Boa parte dos cerca de nove milhões de habitantes em condição de insegurança alimentar no Estado pretende voltar a consumir carne bovina (80%), leite e derivados (57%).
A Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) realizou uma sondagem nos dois primeiros finais de semana de agosto e confirmou a tendência. Apesar do reforço no bolso, as famílias precisarão exercer a criatividade para montar a cesta básica, com média de R$ 723,75 no Estado, de acordo com o último balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Vale destacar que o benefício de R$ 600, que começou a ser pago no início deste mês, tem validade até dezembro. Dos entrevistados na pesquisa da Asserj, que escutou consumidores de quatro supermercados das zonas Norte e Oeste do Rio, 42% afirmaram receber programa de complemento de renda do Governo Federal. Os beneficiários do Auxílio Brasil chegam a 92%, enquanto outros recebem Vale-Gás (31%), Auxílio Caminhoneiro (1%) ou Bem-Taxista (3%).
Entre os beneficiários de auxílios, 47% têm intenção de gastar o valor total em compras nos supermercados, enquanto 26% disseram que vão usar até R$ 300 do valor, 10% até R$ 500 e 4% até R$ 100. Já 13% não pretendem gastar o auxílio com alimentos e bebidas.
Além de carne e leite, o frango está na lista de compras de 45% dos consumidores. Produtos de limpeza (44%), pães, bolos e biscoitos (43%), produtos de higiene pessoal (41%), refrigerante e cerveja (38%), café (36%) e outras proteínas, como o ovo (36%), carne suína (29%) e peixe (26%) completam o ranking de preferências.
A sondagem, no entanto, revelou que 64% dos consumidores não deixaram de consumir os produtos citados acima. O presidente da Asserj, Fábio Queiróz, destaca que a análise indica a preocupação da população em incrementar a alimentação após um período de muita restrição, diretamente influenciada pela alta dos preços nas prateleiras.
"Desde maio, o setor de supermercados vem registrando alta, o que deve se manter com o aumento do Auxílio Brasil. A sondagem confirma esta tendência e aponta, principalmente, os produtos que foram mais afetados pela inflação nos últimos meses, caso da carne bovina e do leite, impactado ainda por fatores sazonais. O setor está otimista com um aumento do consumo nos próximos meses", avaliou Queiróz.
Subalimentação
Diante da inflação de produtos alimentícios, também impactados pelo excesso de chuvas em muitas regiões do país, o consumo de "subalimentos" passou a ser um risco na dieta de milhões de brasileiros. Nos últimos meses, imagens dos chamados subprodutos alimentícios, como soro de leite, pele de frango, osso bovino e carcaça de peixe, viralizaram nas redes sociais e revelaram o deficitário cardápio na mesa das famílias no país. A nutricionista Mildre Souza alertou para os riscos à dieta da população.
"Essa deficiência pode comprometer o desenvolvimento ponderal e cognitivo em crianças. Em adultos e idosos pode resultar num desequilíbrio proteico na alimentação diária. O desequilíbrio nutricional desses novos alimentos trará, a médio e longo prazo, o aparecimento de desnutrição proteica, dislipidemias (excesso de gordura no sangue), deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais), por exemplo", explicou a nutricionista.