Irmã de Léo Moura tem prisão decretada por golpe na venda de ingressos para o Rock in Rio

Lívia da Silva Moura é suspeita de comercializar ingressos falsos para o festival em um site fraudulento

Lívia Moura, irmã do ex-jogador Léo Moura, foi presa nesta terça-feira (13)
Lívia Moura, irmã do ex-jogador Léo Moura, foi presa nesta terça-feira (13) -
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizam uma operação conjunta contra Lívia da Silva Moura, irmã de Léo Moura, ex-jogador do Flamengo, na manhã desta segunda-feira (5). Ela é suspeita de estelionato na venda de ingressos para o Rock in Rio. Contra ela, há um mandado de prisão e um de busca e apreensão. Seu irmão, Léo Moura, não é alvo da ação. Prejuízo com os golpes chegam a R$ 450 mil para o festival.

Agentes estiveram na casa da suspeita, localizada na Freguesia, na Zona Oeste, mas não a encontraram. Mesmo sem a presença da mulher na casa, policiais civis cumpriram o mandado de busca e apreensão, enquanto Lívia segue foragida.

O delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), Leandro Gontijo, em entrevista para o "Bom Dia Rio", da TV Globo, contou que Lívia era integrante de uma organização criminosa que atuava em diferentes meios para aplicar os golpes. No local, foram encontrados ingressos verdadeiros e falsos para o Rock in Rio.

"O golpe ela aplica em várias frentes. Ela vende ingressos possuindo contatos lá dentro [do Rock in Rio] e repassando o número desses ingressos. Sendo que as pessoas compram esses ingressos em site falsos. Ela também falsifica ingressos físicos, no caso de cortesias e vouchers. E no caso de hoje, esse golpe em questão, a Justiça mobilizou R$ 300 mil na conta dela. A gente tem nesse caso é essa imobilização de R$ 300 mil, em um outro procedimento nós temos uma de R$ 150 mil, que foi o tamanho do golpe. Agora as contas [de Lívia] estão bloqueadas, os bens de imóveis também, e ela tem um mandando de prisão pendente por estelionato, organização criminosa e violação de direito autoral, entre outros crimes", explicou.

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Ingressos falsificados por Lívia para o dia do preview do Rock in Rio Pedro Ivo/Agência O Dia
Ingressos falsificados por Lívia para o dia do preview do Rock in Rio Pedro Ivo/Agência O Dia
Ingressos falsificados por Lívia para o dia do preview do Rock in Rio Pedro Ivo/Agência O Dia
Print de uma das publicações feitas por Lívia dentro da Cidade do Rock durante a preparação do evento Reprodução/TV Globo
Crachá falso utilizado por Lívia para conseguir acessar as dependências do festival Reprodução/TV Globo
Léo Moura se manifesta nas redes sociais sobre mandado de prisão de sua irmã Redes sociais
Lívia, irmã do ex-jogador Léo Moura, já possui passagens pela polícia pelo mesmo crime Redes sociais
Lívia Moura é irmã do ex-jogador do Flamengo Léo Moura Reprodução da Internet
De acordo com as investigações, Lívia usava o fato de ser irmã do ex-jogador para conseguir aplicar o golpe e vender ingressos falsos. Os organizadores do festival podem ter levado um prejuízo milionário por conta do crime. A Civil aponta que somente uma das vítimas fez uma transferência para a suspeita com o valor de R$ 20,8 mil.
Ainda segundo o delegado, a investigação sobre o modo de operar de Lívia vai prosseguir. A mulher teria um crachá falso de credenciamento no festival, e, provavelmente, um conchavo dentro do evento para facilitar a entrada de pessoas e o golpe. No caso do ingresso para o dia do preview, os compradores não conseguiam entrar por conta do erro no Qr Code, mas ela conseguia dar uma "carteirada" e colocava as pessoas para dentro do evento. Gontijo afirmou que o próximo passo é descobrir quem, de dentro da organização do festival, atuava junto com a suspeita.
Lívia utilizava um site falso, utilizando o endereço eletrônico "rockinriobrasil", com grafia próxima ao site real, para aplicar os golpes, colocando ingressos com valores mais baratos. De acordo com o delegado, A mulher já tem outras passagens por estelionato.
De acordo com o MPRJ, por meio da 1ª Promotoria de Investigação Penal Territorial da Zona Sul e Barra da Tijuca, "as medidas cautelares têm o objetivo de cessar a fraude contra milhares de pessoas, vítimas do golpe aplicado pela investigada que podem superar a casa dos R$ 300 mil. Foi determinada ainda, a apreensão de materiais de informática e telemática que serão submetidos a perícia".

Uma denúncia contra a mulher, registrada na 13ª DP (Ipanema), aponta que ela teria prometido entregar 26 ingressos para vários dias de festival, mas não cumpriu o combinado. A negociação entre a suspeita e a vítima foi realizada por meio de um aplicativo de trocas de mensagens que, depois do pagamento realizado, Lívia não respondia mais e nem atendia ligações. A vitima conta ainda que chegou a pagar mais R$ 3 mil em dinheiro vivo para um vizinho da mulher, mas nunca viu os ingressos que, de acordo com as investigações, eram falsos.
A organização do Rock in Rio, por meio de nota, afirmou que a acusada não faz parte do quadro de funcionários do festival.
"Lívia da Silva Moura não faz parte da produção do evento e tão pouco tem qualquer relação com o mesmo. Não há registros de credencial emitida em seu nome e a mesma não estava trabalhando em evento teste e não faz parte da operação do festival. Assim como em todas as edições, o Rock in Rio reforça que não se responsabiliza por ingressos comprados fora dos canais oficiais de venda".
Estamos tristes pelo acontecido, diz irmão

No fim da manhã, o ex-jogador Léo Moura se pronunciou nas redes sociais, dizendo não ter envolvimento nos problemas da irmã e que estes "são absolutamente dela, infelizmente para a tristeza da família". Ele também afirmou que não compactua com os crimes e que se ela errou, deve pagar. "Tenho minha família e um nome que zelo por muitos anos. Estamos tristes pelo acontecido, porque somos humanos, mas estamos e ficaremos sempre ao lado do que é certo!", disse ele.

Golpe atrás de golpe

Em 2019, um grupo com cerca de 30 torcedores do Flamengo acusou Lívia de dar um golpe ao vender ingressos para a partida entre Flamengo e Grêmio. Os amigos vieram de Manaus, Capital do Amazonas, para assistir ao jogo, mas nunca recebeu os ingressos.
Ela teria dito a eles que tinha um contato dentro do Flamengo, que repassaria as entradas para o jogo contra o Grêmio. De acordo com um dos integrantes do grupo, o prejuízo ficou em cerca de R$ 25.920 mil, para a compra de 30 ingressos com valores unitários que variavam entre R$ 300 e R$ 650.

Já no ano de 2017, Lívia foi acusada de dar um golpe no jogador de futebol Renato Augusto, que já atuou com Léo Moura. O combinado entre as partes era de que a mulher organizasse a festa de um ano de casamento de Renato Augusto. Porém, ela deu um calote de R$ 200 mil no atleta. Por conta disso, ela foi expulsa de casa pela mãe.