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Irmã de policial civil morto por militares da Marinha desabafa: 'Espero que eles sejam condenados'

A primeira audiência sobre o caso ocorrerá nesta segunda-feira (19) no Fórum Central do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ)

 Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão no ferro-velho, na Praça da Bandeira, Zona Norte
Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão no ferro-velho, na Praça da Bandeira, Zona Norte -
Rio-'Espero que eles sejam condenados'. O desabafo é da fisioterapeuta Débora Couto de Mendonça, de 38 anos, irmã do papiloscopista da Polícia Civil, Renato Couto de Mendonça, aos 41 anos, morto em maio deste ano por três militares da Marinha e o dono de um ferro-velho na Praça da Bandeira, Zona Norte. A primeira audiência sobre o caso será realizada nesta segunda-feira (19) no Fórum Central do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).

Segundo as investigações, Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão no estabelecimento. Após ser baleado, ele teria sido colocado dentro de uma van da força militar e seu corpo jogado no Rio Guandu. O perito teria sido arremessado de uma ponte, próximo ao bairro de Engenheiro Pedreira.

Os acusados identificados como os sargentos Manoel Vitor Silva Soares e Bruno Santos de Lima, além do cabo Daris Fidelis Motta e o pai de Bruno, Lourival Ferreira de Lima foram presos e indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver ainda em maio deste ano. Pai e filho eram donos do ferro-velho.

A irmã do policial relatou ao DIA que os acusados tentam relaxamento de prisão, mas que a defesa não deixará que isso aconteça.

“A gente espera que eles sejam condenados, porque eles estão tentando a todo custo entrar com habeas corpus achando que merecem relaxamento da prisão porque colaboram com a justiça, mas eles não contribuíram com nada. O caso foi exposto na mídia e por isso eles não tiveram como negar, só falaram porque os vídeos foram divulgados e o caso repercutiu. Eles estão pedindo segredo de Justiça para tentar abafar o caso e tentar uma pena mais leve, mas não vamos deixar isso acontecer”, relatou.

Débora e o irmão eram muito ligados, conforme relatou desde o ocorrido, ela considerava sua outra metade. "Meu irmão era minha outra metade. Ele era família 24 horas, era o pilar da nossa família, era ele quem dava o sustento para a minha mãe. Eu falava com ele no telefone todos os dias. A minha filha mais velha é afilhada dele”, lamentou.
De acordo com o TJRJ, em última decisão antes da audiência, o juiz Alexandre Abrahão determinou a elaboração de laudo de confronto genético entre as amostras de sangue colhidas nos locais do crime e a amostra de DNA de Renato Couto. O magistrado atendeu a um requerimento da promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, que solicitou um laudo da diligência ao Instituto de Pesquisas e Perícias em Genética Forense (IPPGF) da Polícia Civil do Rio.

Relembre o caso

De acordo com a irmã do perito, a discussão no ferro-velho iniciou após Renato ir até o local para saber sobre objetos de metal dele, que faziam parte de uma obra na Mangueira, na Zona Norte, que tinham sido furtados por usuários de crack e vendidos para esse ferro-velho.

Ele teria sido instruído pelo dono do local a retornar em outro horário, ocasião em que foi baleado e colocado dentro de uma van. O veículo pertencia à Marinha, e teria sido levado para um quartel após a desova do corpo. Dentro da unidade militar, a van teria sido ainda lavada. Um vídeo divulgado ans redes sociais mostra o momento de uma suposta discussão entre o papiloscopista e o dono do ferro-velho.


Investigação conjunta das equipes das Delegacias de Homicídios, 18ªDP (Praça da Bandeira) e IIFP (onde o agente era lotado) constatou que o policial teve uma desavença dentro do estabelecimento. Pai e filho, donos do ferro-velho, com os outros dois comparsas, utilizaram a viatura oficial militar para raptar e matar o policial. A polícia ainda não forneceu mais detalhes sobre a dinâmica do crime.

Em nota, a Marinha se solidarizou com os familiares do policial e informou que abriu um inquérito militar para apurar as circunstâncias do crime.