Adolescente agredido por hóspede em hotel de São Paulo desabafa: 'Virou um pesadelo'

A agressão aconteceu no 10º andar do hotel, onde Lucas Rolim Valoni, de 27 anos, bateu no adolescente

Médico agride estudante carioca depois de se irritar com barulho, em SP
Médico agride estudante carioca depois de se irritar com barulho, em SP -
Rio- “Virou um pesadelo”. O desabafo é do estudante de 14 anos da Escola Israelita Eliezer Steibarg Max Nordau após ser agredido por um hóspede em um hotel em São Paulo na última terça-feira (25). Ele participava de uma uma excursão escolar pela capital paulista. O agressor, identificado como o médico Lucas Rolim, 27 anos, está sendo investigado por lesão corporal.

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, acompanhado da mãe, ele explicou o ocorrido e detalhou o medo que sentiu após ser agredido.

“No momento em que ele chegou perto e me agarrou eu parei de pensar, eu estava em choque. Ele me pegou pelo pescoço e me jogou contra a parede e eu fiquei gritando dizendo que não fiz nada, mas ele continuou me batendo e eu me agachando. Ele falou que estava estudando e me deu vários tapas com chinelo, depois ele me deu um tapa mais forte e mandou eu pegar outro cartão pra ele, pra ele abrir a porta, eu desci e chamei o segurança que não deixou ele chegar perto de mim. O que era pra ser uma viagem, virou um pesadelo”, contou.

A agressão aconteceu no 10º andar do hotel, onde Lucas Rolim Valoni, de 27 anos, bateu no adolescente. Nas imagens das câmeras de segurança, é possível ver dois jovens brincando em frente a um dos quartos do corredor. Lucas, incomodado com o barulho, abre a porta do quarto 1013, e dá vários tapas no adolescente.

O adolescente contou que ele e o amigo estavam apenas rindo na porta do quarto de outros colegas. “Eu fiquei no 9º andar, mas nossos amigos falaram pra gente subir pro 10º andar onde eles estavam, a gente entrou e ficou lá conversando, aí saímos do quarto deles, e depois eles não queriam abrir a porta de novo e eu falei pra a gente ir e esperar ele lá embaixo, mas meu amigo voltou e ficou falando coisas engraçadas e eu fiquei rindo, nisso outra porta abriu e saiu um cara”, disse.

A mãe do estudante ainda relatou a sensação ao ver as imagens das agressões. “Eu quase surtei, chorei, só de imaginar o que ele sentiu naquele momento”, contou.

O adolescente também desmentiu a versão relatada por Lucas. “Ele falou que a gente bateu na porta dele várias vezes, que ele pediu pra gente parar e a gente não parou, mas é mentira, portanto que tá gravado. Depois, na hora que eu tava no quarto e ouvia um barulho eu já ficava com medo”, complementou o estudante.
A Polícia Civil de São Paulo está investigando o caso e já recolheu as imagens das câmeras do Hotel Travel Inn, localizado no bairro do Ibirapuera, em São Paulo.O caso foi registrado na 27ª DP (Campo Belo).
O médico Lucas Rolim Valoni, de 27 anos, atua como residente do 3° ano de Cirurgia Geral no Hospital Universitário Cajuru (HUC), localizado no bairro Cristo Rei. Ele é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo os responsáveis pelo Hotel Travel Inn, Lucas é um morador fixo do estabelecimento, tendo alugado um dos quartos diretamente com o proprietário do flat. No entanto, a direção do hotel informou que ele está impedido de retornar à unidade até que o caso seja esclarecido.
O que diz o hóspede
Em nota enviada ao Fantástico, o advogado do médico informou que ele se arrepende das agressões. Confira a nota na íntegra:
"Lucas Rolim Valoni, consternado pelo fato ocorrido dia 20 de setembro, por volta das 20 horas, no Hotel Travel Inn Ibirapuera, na cidade de São Paulo, vem a público expressar seu pedido de desculpas e rogar tratamento humanizado em relação a sua reação excessiva ante o distúrbio causado pelos adolescentes nos corredores do hotel.

Lucas havia trabalhado o dia todo, sendo hospital um ambiente de alta tensão emocional, e à noite estava estudando para concurso na área de saúde. O silêncio ordinário de qualquer hotel vinha sendo abalado a horas pelos adolescentes que gritavam pelos corredores, batiam nas portas, tocavam campainhas.

Os funcionários do hotel foram comunicados acerca do problema e não houve providência que restabelecesse o sossego necessário ao repouso e concentração para estudar. O nível de stress elevado disparou o exercício arbitrário das próprias razões.

Lucas confia nas instituições brasileiras e se submeterá ao crivo do Poder Judiciário a tempo e modo. O julgamento nos termos do devido processo legal é conquista civilizatória que sobrepuja os "julgamentos" midiáticos.
O que diz o hotel
A Rede Travel Inn emitiu uma nota, afirmando que a gerente do hotel se prontificou a dar todo o suporte necessário no encaminhamento e denúncia do agressor à Polícia Civil, bem como o acompanhamento com os responsáveis pelo menor em depoimento na delegacia de polícia.

"Para contribuir com as investigações, após a denúncia efetivada, o hotel Travel Inn Ibirapuera apresentou as imagens das câmeras de segurança do local a polícia, além de estar à disposição das autoridades para quaisquer outras informações, se necessárias", esclareceu a rede.