Mais Lidas

Refeições balanceadas por R$ 1 e muitas histórias para contar

Restaurante do Povo coleciona casos de luta de funcionários e frequentadores

Nos Restaurantes do Povo é comum encontrar clientes assíduos, como a dona Vanda de Oliveira Deneci, de 66 anos, e o marido, Amauri dos Anjos Deneci, de 73 anos
Nos Restaurantes do Povo é comum encontrar clientes assíduos, como a dona Vanda de Oliveira Deneci, de 66 anos, e o marido, Amauri dos Anjos Deneci, de 73 anos -
Presente em 19 cidades do Rio, o Restaurante do Povo tem refeição com duas opções de proteína, salada, guarnições, refresco e fruta de sobremesa, tudo por apenas R$ 1. Com cardápio planejado por nutricionistas e preparado por chefs experientes, o cliente pode fazer sua refeição em ambiente climatizado e com acessibilidade para cadeirantes e obesos. E tem ainda café da manhã a R$ 0,50.
É comum encontrar clientes assíduos, como a dona Vanda de Oliveira Deneci, aposentada de 66 anos, e o marido, Amauri dos Anjos Deneci, 73 anos, também aposentado. Eles estiveram na inauguração da unidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e, desde então, viraram clientes frequentes:

"Não tenho nem palavras para avaliar a comida, de tão boa que é. A limpeza é nota dez, não tem bagunça na mesa, o banheiro é limpo. Tenho economizado muito gás e comida. À noite a gente faz um lanchinho e só", disse dona Vanda.

O marido, Amauri, diz que larga tudo quando se aproxima o horário do almoço: "Quando está perto da hora da comida, largamos os afazeres para fazer uma boquinha", brincou.
O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 6h às 15h. Os bastidores guardam histórias interessantes e muitos não sabem que, para manter tudo funcionando perfeitamente, a equipe cumpre um rígido protocolo de limpeza e organização que começa muitas vezes no dia anterior.
Adilson Guerreiro de Almeida, 41 anos, é coordenador da unidade de Belford Roxo e explica como funciona a rotina da unidade: "Como abrimos a casa muito cedo, fazemos um preparo prévio no dia anterior. O recebimento (para reposição) dos alimentos é de acordo com o consumo: sempre que necessário faço o pedido, que chega no dia seguinte. Temos recepcionistas que, além de ajudar os deficientes, auxiliam os idosos com as bandejas até as mesas. As pessoas que vêm aqui são muito carentes, a maioria já é conhecida e viraram amigos", contou.
As equipes chegam às unidades às 5h para preparar o café da manhã. Novecentos kits de pão com manteiga, café com leite e fruta são vendidos diariamente, além das cem unidades gratuitas. Às 11h, as portas dos restaurantes são abertas para receber o público para o almoço. Além das 100 gratuidades da refeição, 1.900 unidades são vendidas diariamente. Ao todo,17.700 refeições são fornecidas a preços populares nos restaurantes.
A equipe de funcionários é composta por nutricionista, cozinheiros, copeiros e um chef. O cardápio é elaborado com variação de alimentos, como conta a coordenadora do programa e nutricionista, Suellen Toscano de Barros, de 31 anos. Ela faz parte da equipe técnica da superintendência de segurança alimentar e nutricional, e fiscaliza os serviços:

"O cardápio é elaborado em função de uma alimentação balanceada que contenha todos os nutrientes necessários para atingir uma determinada quantidade de calorias. O almoço, por exemplo, é considerado uma grande refeição que necessita de 600 a 800 calorias, daí é necessário esse cuidado para que seja um cardápio variado", explicou.

Ex-desempregada agora serve almoço a quem precisa

Os restaurantes têm aliviado o bolso dos clientes e também trouxeram alívio para quem estava desempregado, como é o caso da jovem atendente de 21 anos, Vitória Luamar. Ela estava sem trabalho há quase 3 anos e conseguiu o emprego há cerca de três meses:

"Já estava desesperada e um dia passei em frente ao restaurante, que estava em obra, deixei meu currículo e fui chamada na semana seguinte. Estou feliz em poder trabalhar com o público, ver as pessoas felizes, já que muitos não podem se alimentar e a comida a 1 real cabe no bolso de qualquer um", ressaltou, emocionada.

E para garantir a higiene e a assiduidade, o chef Rogério Menezes da Costa, 54 anos, diz que é a primeira vez que trabalha em um Restaurante do Povo e que cobra da sua equipe um bom atendimento:

"Eu prezo pela limpeza e organização e cobro o horário, porque tenho hora certa de colocar a comida lá fora. A higiene também é importante, todos aqui trabalham de luvas e toucas. Para mim está sendo muito satisfatório trabalhar com a população mais sensível e faço o meu melhor", concluiu.

Programa em expansão

O Restaurante do Povo está presente em nove unidades: Petrópolis, Duque de Caxias, Campo Grande, Niterói, Volta Redonda, Bangu, Bonsucesso, Belford Roxo e Campos dos Goytacazes. Até 2023, o Governo do Estado ampliará para 26 o número de restaurantes operando em todo o Rio de Janeiro. Serão entregues até o fim do ano as unidades da Central do Brasil, Madureira e Barra Mansa, na Região Sul Fluminense. Ainda fazem parte do projeto de expansão: Méier, Manguinhos, Irajá, Cidade de Deus, Rocinha, Santa Cruz, Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Itaboraí, Queimados, Nilópolis, São João de Meriti, Magé, Nova Iguaçu, Itaperuna e Macaé.

Comentários