Mais Lidas

Um caldeirão de polêmicas

Deputado federal apoiador de Lula é acusado de espalhar desinformação e divulgar fake news

O deputado federal André Janones (Avante), apoiador da candidatura do ex-presidente Lula (PT) e considerado um dos principais expoentes da campanha lulista nas redes sociais, vem causando polêmicas ao comentar acontecimentos da atual eleição e criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Suas afirmações muitas vezes contêm desinformações, segundo uma especialista ouvida pelo MEIA HORA.

A tática de combater o bolsonarismo, que muitas vezes utiliza-se do mesmo método, foi duramente criticada por internautas. As Fake news são notícias que não podem ser verificadas, sem fonte definida e que têm por objetivo espalhar boatos com a intenção de causar confusão ou promover calúnia sobre determinada pessoa ou instituição.

Janones foi eleito em 2018 como o terceiro deputado mais votado após se destacar como liderança na greve dos caminhoneiros do mesmo ano. Em janeiro de 2022 o Avante anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República. Em agosto, Janones desistiu da disputa presidencial para apoiar Lula.

O advogado recebeu a segunda maior quantidade de votos dos mineiros, 230.108, com 95,72% da apuração concluída, e foi reeleito deputado federal, ficando atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL).

Confira as principais fake news atribuídas a Janones:

- Fernando Collor será ministro da Previdência de um futuro governo Bolsonaro e irá confiscar a poupança dos brasileiros. Em live no último dia 7, Janones afirmou que Collor estaria "voltando como ministro de Bolsonaro" e que, como consequência, as aposentadorias, pensões e até mesmo o Auxilio Brasil seriam confiscados. De fato, Collor está apoiando a candidatura de Bolsonaro. Não há, no entanto, nenhum indício ou prova de que o ex-presidente será ministro em um futuro governo Bolsonaro ou de que os benefícios citados por Janones serão confiscados. Em entrevista, o presidente negou a intenção de nomear Collor ministro e disse que Janones tirou a informação "da cabeça dele".

Resposta de Janones: O parlamentar diz não ter feito nenhuma afirmação com este caráter, que somente afirmou que "Collor pode ser ministro e de fato ele pode".

- No dia 10 de agosto deste ano Janones fez uma afirmação em transmissão ao vivo - com o título "Urgente: você vai perder seu auxílio! Só vocês e Deus podem me ajudar a impedir" - que em caso de reeleição de Bolsonaro o Auxilio Brasil será cortado a partir de janeiro. O benefício, no entanto, não pode ser cortado porque já está previsto no orçamento do ano que vem enviado pelo governo para o Congresso em agosto deste ano. O valor previsto é de 405,21 reais. O governo afirma que vem buscando soluções para que o atual valor de 600 reais seja mantido.

Resposta de Janones: "Não falei o auxílio, falei o auxílio EMERGENCIAL, que de fato acaba em dezembro."

- No dia 4 deste mês, após viralizar na internet vídeo em que o presidente Bolsonaro discursa em uma loja maçônica em 2017, Janones fez uma live em frente ao templo Salomão, em São Paulo, afirmando que "Bolsonaro faz pacto com seita maçônica para vencer eleição". No conteúdo do vídeo, no entanto, não há qualquer indício de acordo eleitoral entre o presidente e a maçonaria, fato admitido por Janones na sua própria transmissão ao afirmar "não sei o que Bolsonaro foi fazer na maçonaria". A afirmação de Janones ao que tudo indica teve o objetivo de atingir o público evangélico já que o mesmo se opõe à maçonaria.

Resposta de Janones: "Sobre a relação do Bolsonaro com a maçonaria, eu não fiz afirmações, disse que tenho dúvidas sobre o que eu ouvi falar; o vídeo dele na maçonaria já estava rolando e os próprios pastores e padres falam da distância que os cristãos devem manter da maçonaria."

- Bolsonaro fez acordo para impedir a extradição de Robinho. No dia 4 deste mês chegou ao Brasil pedido de extradição do ex-atleta pelo crime de estupro cometido pelo jogador na Itáia em 2013, pelo qual já foi condenado em todas as instancias. Janones então comentou no Twitter que Bolsonaro impediria a extradição de Robinho em troca de apoio político. Robinho é de fato apoiador de Jair Bolsonaro e pode ser preso caso saia do país. No entanto, não há indícios de que exista qualquer tratativa de Bolsonaro para impedir a extradição de Robinho. O fato é que a Constituição impede a extradição de brasileiros natos. O que pode acontecer é Robinho cumprir pena no Brasil.

Resposta de Janones: "Sobre o acordo com Robinho, eu, como jornalista registrado, ouvi de fontes que o jogador havia procurado o presidente alegando que o está apoiando, e solicitou ajuda em relação ao pedido de extradição. Foi orientado que a Constituição Federal não permite a extradição de brasileiros, ficou agradecido e manteve o apoio".